José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

Pesquisá pelo google.pt ou pelo sapo.pt

Wednesday, March 29, 2006

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (III)



(*) Belmiro Vieira


POLÍTICA E MENTIRA




Política, – ensina qualquer dicionário: – é a actividade relacionada, e no geral, com o governo dos homens, enquanto grupo, e com a administração das coisas. A política foi assim entendida na Grécia Antiga, mas hoje está generalizada à escala mundial, não havendo praticamente ninguém que consiga escapar aos seus efeitos.

Mentira, – diz ainda qualquer dicionário: – é a expressão ou manifestação propositadamente falseada, do que se acredita ser verdade, e geralmente destinada a enganar alguém.

A política e a mentira são, pois, actividades eminentemente, ou melhor, exclusivamente humanas, visto não haver provas de manifestações suas entre os chamados seres irracionais.

Nos tempos que passam – como é fácil de comprovar – uma e outra coexistem em perfeita aliança ou, para ser mais exacto, numa harmoniosa e bem urdida sociedade, que, como todas as instituições no género, soe geral e simultaneamente lucros para uns e peras para outros. A única verdadeira diferença que existe entre uma e outra é que a política não está ao alcance de todos, enquanto a mentira pode ser usada por qualquer um.

A Política, teoricamente, deve ser sempre igual no propósito de atingir o seu principal objectivo que é a consecussão do bem comum do grupo social, no seio do qual se manifesta. Porém, na prática, ela é comandada por objectivos bem diferentes: tudo depende dos que assumem o encargo de a executar.

A Mentira, tem formas variadas de expressão, do mesmo modo que são variadas as suas motivações. Há as de várias formas:
a – Mentiras inocentes, ou melhor inofensivas, que são aquelas que, embora tripudiando sobre a verdade, não resultam em malefícios para ninguém: «conhecem-se mentiras bem urdidas ou orquestradas, que impressionam pela originalidade da sua arquitectura».
b – Mentiras piedosas, que são aquelas que se concebem, via de regra, com o propósito de esconder ou minimizar factos ou situações: «cujo conhecimento se pensa ser motivo de desagrado para outrem.
c – Mentiras maliciosas, que são aquelas que são urdidas com a intenção de esconder irregularidades danosas ou mesmo actos de natureza criminosa: «sendo elas de facto o pão nosso de cada dia nestes tempos modernos».

MENTIRAS QUE FIZERAM HISTÓRIA NO SÉCULO XX
A maioria das mentiras que se tem produzido por esse Mundo fóra está hoje definitivamente afastada da memória colectiva, remetidas como foram para o grande armazém do olvido. Algumas há, no entanto, que vêm à memória de vez em quanto, porque se tornaram históricas.
Enumeram-se a seguir e ao sabor do acaso, as que se julgam terem tido mais ampla ressonância:

Incêndio do Reichstag (Parlamento alemão):
Concebido e executado pelos nazis, mas atribuído aos comunistas, para que Hitler pudesse justificara a perseguição que viria a desencadear contra eles.

Afundamento do Lusitânia:
Arquitectado como argumento para levar os Estados Unidos a entrar na I Grande Guerra Mundial.

11 de Setembro:
Oficialmente apontado como obra de Bin Laden e da sua Al-Caida, mas – segundo muitos analistas – um artifício preparado pela Mossad – a secreta israelita – com o propósito de acirrar ainda mais a animosidade dos norte-americanos em relação aos países do Islão.
Outro sim, mentiras sem conto sobre o número de judeus mortos no desmoronar das torres gémeas, que inicialmente se disse terem sido cerca de 2.000, mais tarde passou para 29 e finalmente se verificou terem sido apenas três entre os quase 3.000 que ali trabalhavam diariamente.
O que faz supôr que tenham sido previamente avisados do que se iria passar.

Fundação da ONU:
Ocorrida logo a seguir ao termo da II Grande Guerra e atribuída oficialmente a um grupo de países ocidentais, com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha à cabeça.
Em termos práticos, porém, – sabe-se – a ONU foi inicialmente uma iniciativa da CRE (Conselho de Relações Externas), uma poderosa associação de empresários norte-americanos, encabeçada pelos Rockfeller.
Que, deste modo, quis ter à sua disposição um instrumento de intervenção política à escala internacional, com vista à globalização dos seus negócios e interesses.

Globalização:
Instituída, ao que se afirma com o propósito de internacionalizar a economia, para, deste modo, redistribuir as riquezas e favorecer os mais carecidos.
Em termos práticos, porém, o que a globalização trouxe até agora foi a precarização do trabalho; o desmantelamento da protecção social adquirida com tanto esforço; e também a ampliação da miséria à escala mundial.
Como documentam dados estatísticos da própria ONU, que dão, de seguro, que existem actualmente em todo o Mundo cerca de 3.000 milhões de indivíduos extremamente pobres, quando, em 1990 havia 2.718 milhões e em 1998 2.810 milhões.

Armas de destruição maciva:
Idealizadas pelos governos norte-americanos e britânicos e atribuídas a Saddam Hussein, para assim justificar a intervenção militar no Iraque.
Têm sido de balde as investigações ordenadas por Bush e pelo seu amigo Blair, com vista a comprovar a sua existência, de modo que o grosso da opinião pública internacional já a vem considerando como a grande mentira do milénio.

CÁ PELO BURGO:
Como se disse antes, a política e a mentira andam de braço dado em todo o lado.
Daí que Portugal, um país pequeno e hoje mais que nunca ligado política e economicamente ao Exterior, não podia ser uma excepção.
E não é!
Só que, cá pelo burgo, as mentiras que diariamente se concebem e se cosinham no caldeirão político já não despertam o apetite, melhor dizendo, enfastiam que se fartam, quando se diz, por exemplo:
1 – Que o país está já a sair da recessão.
2 – Que a Justiça irá efectivamente funcionar e em breve todos os criminosos indígenas vão ter de se haver com ela.
3 – Que o Governo vai criar mais 150.000 empregos.

(*) Jornalista

Sunday, March 26, 2006

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (II)



(*) Belmiro Vieira

LIBERDADE MAL ENTENDIDA: «Caluniai, caluniai sempre, que da calúnia alguma coisa fica».



Era com estas palavras – reza a História – que Joseph Fouché, um dos activistas do movimento que conduziu à Revolução Francesa e mestre reputado na arte de tecer intrigas políticas, costumava animar os seus colaboradores e amigos, como ele apostados em tudo fazer para derrubar o regime democrático.

De facto Fouché tinha razão: a calúnia é uma arma terrivelmente eficaz. Pois tem o condão de perdurar, mesmo quando a verdade a nega, já que deixa atrás de si rastos de dúvida e espalha a nódoas a ensombrar a figura do visado, que nada consegue jamais apagar.

E é por isso, seguramente, que as leis vigentes na maioria dos países consagram a sua condenação de uma forma inequívoca, ao estipular que ninguém pode ser publicamente referido como autor ou cúmplice, de facto ou presumível, de actos considerados ilícitos ou criminosos, sem que antes tenha sido julgado e condenado em tribunal judicial por isso.

Tais leis, como é do conhecimento geral, também existem no nosso país, desde há longas décadas. Existem, vigoram oficialmente, mas não têm sido respeitadas e cumpridas com igual rigor nesse seu longo período de vigência.

Lembramo-nos, por exemplo, de que no chamado tempo da “outra senhora”, quando a justiça funcionava na plenitude e a Moral não era uma palavra sem sentido, identificar publicamente alguém como sujeito de práticas que as leis consideram crimes era coisa que raramente acontecia.
Certo que factos em si podiam ser e eram publicitados, embora sem excesso de pormenorização, mas os seus autores presumíveis não eram publicamente identificados antes que os tribunais os julgassem e os condenassem.
E quem transgredisse na observância dessas regras tinha logo contra si um processo judicial por difamação.

Hoje, o que se observa, cá no rectângulo e de forma sistemática, é bem diferente. As provas disso são quotidianas estão às escâncaras por aí e têm a sua evidência mais eloquentes nos chamados casos da “Casa Pia” e do “Apito dourado”.
Aos quais se têm dado uma ressonância publicitária que não respeita nada nem ninguém: nem o exigido Segredo de Justiça nem o Direito à Privacidade, nem as regras da Moral e os Deveres Cívicos.

E, o que é mais grave ainda, nem o Direito ao Bom Nome, que cabe a cada cidadão, e à Lei Fundamental que o País consagra.

Mas não é apenas a ressonância publicitária que merece consideração. Condenável é igualmente o comportamento de indivíduos que, pela sua qualificação profissional, tinham a obrigação de respeitar o que a Lei exige e a Moral Social recomenda.

Estes comprazem-se na pública pormenorização de factos relacionados, com eles relacionados, na identificação de indivíduos que se presumem estarem neles implicados e pasme-se! Na devassa e relato de pormenores da sua vida privada e bem assim de familiares seus.
Mais ainda: o destempero chega ao ponto de pronunciar novas investigações e detenções e identificar quem irá ser objecto das mesmas.

Em nossa opinião, nem mesmo os que estão indiciados e detidos preventivamente deviam ser objecto de publicidade da forma como tem sido feita:
1 – Em primeiro lugar, porque é a Lei que proibe essa publicidade.
2 – Por outro lado, porque o respeito é devido a todos, mesmo aqueles que eventualmente tenham pecado.
3 – Assim como, o que parece nem sempre é.
4 – E que, no Mundo de hoje – o nosso país não será excepção – os Fouché espreitam em cada esquina na mira de fazer valer os seus interesses.
5 – É bem possível, que haja quem tente contradizer as criticas por nós acima formuladas, lembrando que estamos num regime democrático, onde a liberdade de opinião e de expressão está consagrada. A esses desde já respondemos com o que disse o grande filósofo francês Descartes:
«Nenhuma liberdade é absoluta para quem vive em sociedade».

6 – Logo, é bom reter que:
«a liberdade de qualquer homem termina onde começa a do seu semelhante».

(*) Jornalista

Thursday, March 23, 2006

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (I)


(*) Belmiro Vieira

Os romanos foram, inequivocamente, um povo que cultivou, em alto grau e como talvez nenhum outro, a sabedoria de viver. Que evidenciaram em quase todas as actividades em que se empenharam.

Assim, por exemplo, e tal qual os gregos, geograficamente seus vizinhos e com quem amiúde conviveram, procuraram a beleza, presumivelmente porque sabiam que ela ajuda a fortalecer o espírito; e, como eles próprios diziam «mente sã em corpo são» e a experiência ilustra: a sanidade espiritual é garante de um físico em condições para que a vida dure mais.

Esse seu culto pelo belo pode ainda hoje ser testemunhado no que resta na antiga Roma e nas ruínas de cidades, vilas ou simples monumentos que marcaram a sua passagem por muitos países da Europa, Portugal inclusive. Foram também, talvez como nenhum outro povo da Antiguidade, os mestres da disciplina e da organização. De que deram inúmeras provas, quer nos feitos militares, quer nas actividades civis, não apenas dentro dos seus próprios domínios, como nas terras que conquistaram e colonizaram.

A «sabedoria de viver dos romanos» está ainda exemplificada nas leis que criaram e ainda hoje têm actualidade; e denuncia-se igualmente no trato que tiveram com os povos a quem, por via militar, submeteram ao seu domínio. Com efeito, em vez de os massacrar e exterminar brutal e macivamente, como fizeram alguns num passado recente, procuraram, pelo exemplo, recupera-los incutindo-lhes hábitos de trabalho, de organização e de disciplina, para se tornarem úteis. Cientes de que:

Vale mais um homem vivo e apto do que milhares deles mortos ou inúteis.

Dessa sua «sabedoria de viver» legaram-nos não apenas exemplos mas também conselhos expressos nos inúmeros provérbios que alguns dicionários assinalam e que de quando em vez, alguém se lembra de referir, mas de balde, já que para a grande maioria eles não significam nada.

Desses conselhos, deixados pelos descendentes de Rómulo e Remo, um há que nos vem diariamente à memória, precisamente pela gritante actualidade que assume, pelo facto de no seu conteúdo, expressar uma verdade, ou melhor, definir uma forma de comportamento digna de ser adoptada, mas que a maioria ignora, sobretudo neste nosso Portugal de hoje.

Está este conselho contido, de uma forma sintética mas clara, no provérbio «varietas delectat», que traduzido para português, significa a «variedade deleita» ou se quiserem, numa tradução mais livre: “a variedade ou diversidade agrada”.

E não nos resta dúvida de que os romanos sabiam da vida e de como torná-la agradável. E como também sabia aquele poeta inglês que um dia escreveu que «a variedade é o caminho da vida e o que lhe dá todo o sabor». Efectivamente, a diversidade agrada sempre, ao passo que o repetitivo maldispõe, ou melhor, chateia, como costuma o Zé dizer.

O mundo moderno , de um modo geral, praticamente já não culta a diversidade. Copiam os outros nas múltiplas formas de se comportar e de se exprimir, tornando o seguidismo uma autêntica moeda universal. E, senão veja-se, por exemplo:
1 – Como todos engoliram, sem um único soluço, esses cozinhados conhecidos como o atentado terrorista contra as torres gémeas de New York.
2 – As armas de destruição maciva de Saddan Hussein.
3 – O vírus da Sida criado e espalhado por um macaco do Congo.

Portugal, um pequeno país, hoje mais do que nunca ligado ao grande mundo, não podia ser uma excepção. E não é:
a – Aqui também impera a moda de copiar ou repetir com a agravante de que toda ela é seguida de forma muito mais ostensiva e empenhada que noutras regiões.
b – Essa moda, talvez possa ser explicada pela propensão para o exagero que herdamos, ao que se diz, dos primitivos lusitanos.

Os exemplos do que se afirma abundam e são quotidianos. E topam-se em múltiplos sectores de actividade.

Enumeramos a seguir alguns, precisamente os que podem ser comprovados com maior facilidade, porque constituem o “prato do dia”:

c – Na Comunicação Social, ou melhor na Televisão, onde diariamente os três canais generalistas nos impingem programas precisamente iguais em conteúdo.

d – No campo da Política, onde não se nota diferença nos discursos públicos dos que estão no poleiro e dos que lutam por lá chegar. «E quem tiver dúvidas sobre essa monotonia verbal que perca um pouco do seu tempo escutando as emissões do Canal Parlamento que a TV Cabo retransmite».

e – No chamado mundo empresarial e adjacências, onde cada boca que se abre é apenas para dizer que, “isto está mau” e cada gesto que se concretiza é num só sentido: despedir trabalhadores. «Porque isso é mais fácil do que dar tratos ao miolo para tentar encontrar formas mais aceitáveis de contornar a crise».

f – No sector desportivo, ou melhor, no mundo do futebol, onde todas as semanas cada equipa que perde procura esquecer a derrota culpando o treinador mandando-o embora, como se fosse ele que tem a obrigação de desenvolver as jogadas e procurar os golos que podem conduzir à vitória: «Em qualquer competição há sempre quem ganhe e quem perde».

g – Nos casos de galopante sinistralidade rodoviária, em relação a qual as opiniões das autoridades fiscalizadoras são sempre unânimes em endossar as culpas ao excesso de velocidade, ignorando causas bem mais determinantes: «Como a incompatibilidade entre as estruturas disponíveis e o parque automóvel existente que cresceu espectacularmente nos últimos anos; o mau estado do piso; a insuficiente sinalização em algumas vias de circulação; a falta de civismo e a deficiente preparação de grande parte dos que conduzem; a insuficiência da fiscalização policial; etc; etc».

Como se disse acima, citando uma expressão usada pelo comum homem da rua, a monotonia chateia, mas talvez – e isso dizemos nós – com frequência desgostosa, como comprovam alguns dos casos acabados de referir.

Bom seria, pois que esse sábio conselho «varietas delectat», que nos legaram os romanos, de quem recebemos tantas outras coisas valiosas, deixasse, tão cedo quanto possível, de ser letra morta entre nós.

(*) Jornalista

Tuesday, March 21, 2006

O PAÍS QUE VIA PASSAR OS COMBOIOS


(*) J. Sá-Carneiro

Nunca gostei especialmente do cinema Norte-Americano, exceptuando-se, claro, as fitas de “cow-boys” e de “gangsters”, duas imagens que animaram a meninice de todos nós e cuja recordação ainda será capaz de nos enternecer.

O “Cow-boy” era a imitação e tradução da imagem do “vaquero”, mexicano ou argentino. Pois como se sabe nas Américas não havia nem bois nem cavalos e foram os espanhóis – e nós também para o Brasil – que os levaram para lá, uns 200 anos antes dos norte-americanos anexarem os “territórios do gado”: Texas, Novo México, Califórnia, etc.
Quanto ao “gangster”, essa sim, era na verdade uma imagem real e tipicamente norte-americana.

Não obstante apareciam por vezes filmes americanos de excepcional qualidade, e de que verdadeiramente gostei. Recordo me por exemplo de “O homem que via passar os Comboios”. Esse filme fez época, e creio que toda a gente o apreciou. A mim impressionou-me profundamente.

Mas afinal tudo isto a propósito de quê? Acho que foi com a mente no T.G.V. que comecei a cismar! E isso porque, se continuarmos todos a cismar com o TGV, ficará Portugal conhecido, na que se chamará “História do Progresso e das Tecnologias”, como «O País que viu passar os Comboios!»

Desde já confesso que adoro comboios, mas não percebo nada do assunto! Entretanto há outras coisas que também não percebo! Por exemplo:

Porque é que todos os nossos técnicos, ou políticos, que abordam o Tema TGV, falam das verbas astronómicas que é preciso dispender em “Material Circulante”, e ninguém tenta sequer “avançar” com a ideia de simplesmente nos limitarmos construir a “Ferrovia”?

Claro que é completamente impensável que um turista, ou homem de negócios, venha de Berlim, ou Copenhague, em Alta-Velocidade, para depois, na fronteira de Valença do Minho ou Elvas, ser forçado a mudar para um comboio-ronceiro, ou autocarro, para chegar ou ao Porto ou a Lisboa.

Mas então é das “Linhas” que precisamos. Não do “Material Circulante”, que pode ser Estrangeiro!

À semelhança do que se passa com os Navios de Cruzeiro e Aeronaves, que nos trazem os Turistas, e que são de todas as origens, sendo nossos os Portos e Aeroportos, também os Comboios podem ser estrangeiros, e a Ferrovia nacional.

A verdade é que mover as terras para preparar os “leitos” e montar os “carris”, isso sabemos nós fazê-lo desde o tempo do Ministro Fontes Pereira de Melo. E mesmo que os novos “rails” sejam mais sofisticados, seremos concerteza capazes de facilmente aprender a instalá-los.

Afinal o que é preciso é que os Turistas cheguem rapidamente a Lisboa ou ao Porto. E se possível, a Faro!

Evidentemente que importar – e até, talvez, construir – “Locomotivas” e “Carruagens” e fazer a sua rigorosa e complicada “manutenção”, será concerteza um “negócio chorudo”, mas deixemo-lo para mais tarde, para quando houver “dinheiro”!
E para cumprir o “Transito Interno” bastará que se estabeleçam duas circulações internacionais, uma pelo Norte, e outra pelo Sul.

Para já o que interessa é fazer a “Ferrovia”. Senão nunca veremos “passar os Comboios”!

Muito a propósito
transcreve-se uma noticia no “expresso”, 01/03/06, na Internet:
«Cortes financeiros ameaçam TGV e OTA. Acordo orçamental da UE para 2007-2013 reduz ambições. Europa corta 138 mil milhões».

(*) Licenciado em História pela Universidade Aberta de Lisboa.

Friday, March 10, 2006

!!!ENFRENTAR A CRISE???


(*) Mendonça Júnior

Jorge Sampaio nunca demonstrou ter a personalidade, fundamental, da função de Presidente da República e muito menos de um Chefe Supremo das Forças Armadas.

Oh! Santa inocência! Perguntar-se-á: o que é que ele andou a fazer durante os seus mandatos? As alcunhas com que foi “lisonjeado” caracterizaram o seu cariz. Saltitaram entre: chorão, cinzento, água destilada, cenoura, viajante... e outras do mesmo tipo. O que confirmou a sua incompetência que se reflectiu na sua “lapalissante” personalidade, bem vincada pelas suas públicas hesitações, onde sempre se refugiou na diluição das suas supremas responsabilidades.

O que foi recordado publicamente, várias vezes, por Galvão de Melo, nos seguintes termos: «O Chefe, a qualquer nível de hierarquia, é sempre o primeiro e o último responsável por tudo o que se fez ou não se fez quando devia ter sido feito».

Nessa definição Sampaio nunca se enquadrou. E para o comprovar recordo algumas opiniões de distintas personalidades nacionais:
– Luís de Camões: «O fraco rei faz a fraca gente».
– Pulido Valente: «Jorge Sampaio não goza em Portugal da menor autoridade é um espectador passivo, que não se compromete...».
– Cunha e Silva: «Sampaio nunca foi mestre da clareza. A sua magistratura de influência sempre sacrificou a acutilância das intervenções cirúrgicas. É o mestre da crítica ambígua, do “looping semântico”, da acrobacia retórica. Só assim se entende que, perante as mesmas palavras, os mesmos recados, o Governo e a Oposição tenham entendimentos completamente diversos. Sampaio desenvolveu uma retórica do silêncio e transformou a Presidência numa sinfonia atonal».
– Luís Delgado: «O PR falou, naquela sua forma intrincada e difícil de perceber as nossas dificuldades económicas... Sampaio sempre alteou entre a lassidão do deixa andar, para não provocar ondas e a intervenção amargurada e repentina, quando entende que os seus poderes estão em causa».
– Jorge Silva: «Penso que o Presidente deve concretizar o que entende por excesso de linguagem. De contrário, continuaremos no domínio da generalidade».
– Walter Ventura: «Sampaio, por mais que se esquive, por mais que se esconda atrás de frases redondas (sem ponta por onde se pegue), os sarilhos vão ter com ele».
– Marcelo Rebelo de Sousa: «(…) foi de um estilo baixo…

Finalmente… Jorge Sampaio, desaparece após dois mandatos.

Como Presidente da República de Portugal deixou o país num obscurantismo-moderno de crise: o último dos 15 da União Europeia, já quase a ser alcançado, por alguns dos 10 acabados de entrar!
O seu principal objectivo foi sempre o do “surfista campeão da popularidade dos brandes costumes” que ao confundir o cidadão pela função, alimentou a inércia resignada da maioria do Bom Zé Povo Português, que apesar da sua larguíssima maioria do poder… o voto… resignadamente o classificou: é um bom homem, não batam mais no coitadinho.

A partir de hoje estamos atentos ao julgamento do próximo:

Tens de, por vezes, ter “mau feitio” e mostrar o “chicote”, com inteligência – na sua expressão mais lata. Não deixarás por isso de seres um bom democrata. Para começar: pega no bastão do hino do nosso querido país: «contra os canhões marchar, marchar» e, à frente, brandindo o estandarte das quinas dá o exemplo: “para o trabalho marchar, marchar”.
Mendonça Júnior.
(*) Coronel de Cavalaria

Saturday, March 04, 2006

O DIA DA MULHER


(*) Belmiro Vieira

Para recordar sempre.

Oito de Março, Dia Internacional da Mulher, instituído com o objectivo de chamar a atenção para a necessidade de promover a dignificação social da mulher e muito particularmente da mulher trabalhadora, vai ser este ano celebrado um pouco por todo ao lado e com uma ressonância algo particular, que tem justificação nas quotidianas arremetidas que, “urbi et orbi”, se vêm verificando contra os direitos de quem trabalha.

O Oito de Março – vem a propósito recordar – não é um dia qualquer do calendário, mas sim uma data que a História regista como merecedora de ser assinalada, com uma pedra negra, pelo hediondo crime que a marcou e que, por isso mesmo, importa para recordar sempre.

Crime contra a liberdade e contra pessoas humanas e que, por trágica ironia do destino, ocorreu no país que se auto-proclama campeão das liberdades e teve por palco a cidade da Estátua da Liberdade.

De facto tudo aconteceu em New York. A cidade-símbolo dos Estados da América, e no dia 8 de Março de 1,908. E, embora tendo sido enormíssimo na sua monstruosidade, é susceptível de ser relatado e entendido em poucas palavras: nesse dia – a recordar. As 129 operárias da fábrica Cotton, localizada na periferia da cidade, declararam-se em greve, em sinal de protesto contra as penosas condições de trabalho a que estavam submetidas.

Declararam-se em greve, mas compareceram no local de trabalho, pensando naturalmente que o proprietário iria sensibilizar-se e atender as suas reivindicações.

Enganaram-se, já que este, um tal Mr. Johnson, em vez de as atender, decidiu castigá-las da forma mais cruel e criminosa possível. Com efeito, mal as viu todas no interior da fábrica, promoveu o bloqueio de todas as saídas possíveis, para que não pudessem fugir, e ele próprio, munido de improvisado archote, lançou fogo às instalações, provocando a morte de todas elas, queimadas vivas.

Não se sabe, ao certo, o que aconteceu a esse patrão – monstro. Sabe-se, porém, que a escolha do «Oito de Março como o dia internacional da mulher que trabalha» foi uma sugestão de Rosa Luxemburgo, figura política alemã do princípio do século 20 e que se destacou na doutrinação do socialismo.

A qual, ao sugerir a celebração da data a nível internacional, fez questão de acentuar que ela também devia ser atendida como jornada de luta por parte de todas as mulheres trabalhadoras.

(*) Jornalista

Friday, March 03, 2006

A FORÇA DA FÉ


(*) Belmiro Vieira

A notícia – que, por certo, irá encher de júbilo e orgulho os corações de inúmeros portugueses e portuguesas – vem publicada na última edição do Anuário Pontifício, referente ao ano de 2002; e, textual e resumidamente, é de teor seguinte:

«Existem em todo o Mundo 1.071 milhões de católicos, o que, em relação ao ano anterior, significa um aumento de cerca de 10 milhões de crentes. Para atender a tão grande número de fiéis, a Igreja Católica dispõe de 405 mil sacerdotes, no seio dos quais se tem registado um significativo crescimento nos países da África e da América Latina, enquanto que na Europa e na Ásia se tem assinalado uma ligeira baixa».

Mais mil milhões de fiéis – importa destacar e reter – é algo que impressiona e subjuga, mas sobretudo – que ilustra a força que o catolicismo representa no Mundo actual. Força de que já tinha havido um significativo indício, a quando da jornada mundial da juventude católica, que teve lugar em Tor Vergata (Roma) e que tantos engulhos causou a certos sectores do universo político europeu.

Do mesmo modo importa destacar o número acrescentado de fiéis, sem sombra de dúvida, não encontra paralelo no seio de outras confissões religiosas.

A cúpular os factos referidos nessa edição do Anuário Pontifício, haverá ainda que referir um outro: a universalidade alcançada pelo catolicismo, de seguro a única das religiões que não conhece fronteiras, nem geográficas, nem as humanas, já que a sua omnipresença é visível e incontestável.

O conhecimento dos números referidos no Anuário Pontifício poderá, naturalmente, levar muitos a quererem saber qual o seu real significado, ou melhor, o que explica tamanho crescimento de fiéis.

Por nós, estamos em crer que as causas do fenómeno, da Força da Fé, são múltiplas, sendo que, entre tantas, uma há que merece destaque, é que:

Sempre que o homem se transforma em “lobo do homem” – o que é, inequivocamente, uma constante dos nossos dias – o instinto natural prevalece aconselhando a procurar a protecção divina.
E a Igreja Católica, como é fácil de comprovar, é quem mais se tem destacado no combate ao “homolobismo”.

(*) Jornalista