José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Thursday, March 23, 2006

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (I)


(*) Belmiro Vieira

Os romanos foram, inequivocamente, um povo que cultivou, em alto grau e como talvez nenhum outro, a sabedoria de viver. Que evidenciaram em quase todas as actividades em que se empenharam.

Assim, por exemplo, e tal qual os gregos, geograficamente seus vizinhos e com quem amiúde conviveram, procuraram a beleza, presumivelmente porque sabiam que ela ajuda a fortalecer o espírito; e, como eles próprios diziam «mente sã em corpo são» e a experiência ilustra: a sanidade espiritual é garante de um físico em condições para que a vida dure mais.

Esse seu culto pelo belo pode ainda hoje ser testemunhado no que resta na antiga Roma e nas ruínas de cidades, vilas ou simples monumentos que marcaram a sua passagem por muitos países da Europa, Portugal inclusive. Foram também, talvez como nenhum outro povo da Antiguidade, os mestres da disciplina e da organização. De que deram inúmeras provas, quer nos feitos militares, quer nas actividades civis, não apenas dentro dos seus próprios domínios, como nas terras que conquistaram e colonizaram.

A «sabedoria de viver dos romanos» está ainda exemplificada nas leis que criaram e ainda hoje têm actualidade; e denuncia-se igualmente no trato que tiveram com os povos a quem, por via militar, submeteram ao seu domínio. Com efeito, em vez de os massacrar e exterminar brutal e macivamente, como fizeram alguns num passado recente, procuraram, pelo exemplo, recupera-los incutindo-lhes hábitos de trabalho, de organização e de disciplina, para se tornarem úteis. Cientes de que:

Vale mais um homem vivo e apto do que milhares deles mortos ou inúteis.

Dessa sua «sabedoria de viver» legaram-nos não apenas exemplos mas também conselhos expressos nos inúmeros provérbios que alguns dicionários assinalam e que de quando em vez, alguém se lembra de referir, mas de balde, já que para a grande maioria eles não significam nada.

Desses conselhos, deixados pelos descendentes de Rómulo e Remo, um há que nos vem diariamente à memória, precisamente pela gritante actualidade que assume, pelo facto de no seu conteúdo, expressar uma verdade, ou melhor, definir uma forma de comportamento digna de ser adoptada, mas que a maioria ignora, sobretudo neste nosso Portugal de hoje.

Está este conselho contido, de uma forma sintética mas clara, no provérbio «varietas delectat», que traduzido para português, significa a «variedade deleita» ou se quiserem, numa tradução mais livre: “a variedade ou diversidade agrada”.

E não nos resta dúvida de que os romanos sabiam da vida e de como torná-la agradável. E como também sabia aquele poeta inglês que um dia escreveu que «a variedade é o caminho da vida e o que lhe dá todo o sabor». Efectivamente, a diversidade agrada sempre, ao passo que o repetitivo maldispõe, ou melhor, chateia, como costuma o Zé dizer.

O mundo moderno , de um modo geral, praticamente já não culta a diversidade. Copiam os outros nas múltiplas formas de se comportar e de se exprimir, tornando o seguidismo uma autêntica moeda universal. E, senão veja-se, por exemplo:
1 – Como todos engoliram, sem um único soluço, esses cozinhados conhecidos como o atentado terrorista contra as torres gémeas de New York.
2 – As armas de destruição maciva de Saddan Hussein.
3 – O vírus da Sida criado e espalhado por um macaco do Congo.

Portugal, um pequeno país, hoje mais do que nunca ligado ao grande mundo, não podia ser uma excepção. E não é:
a – Aqui também impera a moda de copiar ou repetir com a agravante de que toda ela é seguida de forma muito mais ostensiva e empenhada que noutras regiões.
b – Essa moda, talvez possa ser explicada pela propensão para o exagero que herdamos, ao que se diz, dos primitivos lusitanos.

Os exemplos do que se afirma abundam e são quotidianos. E topam-se em múltiplos sectores de actividade.

Enumeramos a seguir alguns, precisamente os que podem ser comprovados com maior facilidade, porque constituem o “prato do dia”:

c – Na Comunicação Social, ou melhor na Televisão, onde diariamente os três canais generalistas nos impingem programas precisamente iguais em conteúdo.

d – No campo da Política, onde não se nota diferença nos discursos públicos dos que estão no poleiro e dos que lutam por lá chegar. «E quem tiver dúvidas sobre essa monotonia verbal que perca um pouco do seu tempo escutando as emissões do Canal Parlamento que a TV Cabo retransmite».

e – No chamado mundo empresarial e adjacências, onde cada boca que se abre é apenas para dizer que, “isto está mau” e cada gesto que se concretiza é num só sentido: despedir trabalhadores. «Porque isso é mais fácil do que dar tratos ao miolo para tentar encontrar formas mais aceitáveis de contornar a crise».

f – No sector desportivo, ou melhor, no mundo do futebol, onde todas as semanas cada equipa que perde procura esquecer a derrota culpando o treinador mandando-o embora, como se fosse ele que tem a obrigação de desenvolver as jogadas e procurar os golos que podem conduzir à vitória: «Em qualquer competição há sempre quem ganhe e quem perde».

g – Nos casos de galopante sinistralidade rodoviária, em relação a qual as opiniões das autoridades fiscalizadoras são sempre unânimes em endossar as culpas ao excesso de velocidade, ignorando causas bem mais determinantes: «Como a incompatibilidade entre as estruturas disponíveis e o parque automóvel existente que cresceu espectacularmente nos últimos anos; o mau estado do piso; a insuficiente sinalização em algumas vias de circulação; a falta de civismo e a deficiente preparação de grande parte dos que conduzem; a insuficiência da fiscalização policial; etc; etc».

Como se disse acima, citando uma expressão usada pelo comum homem da rua, a monotonia chateia, mas talvez – e isso dizemos nós – com frequência desgostosa, como comprovam alguns dos casos acabados de referir.

Bom seria, pois que esse sábio conselho «varietas delectat», que nos legaram os romanos, de quem recebemos tantas outras coisas valiosas, deixasse, tão cedo quanto possível, de ser letra morta entre nós.

(*) Jornalista

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