José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Wednesday, January 04, 2006

ALTA TRAIÇÃO: Nacional ou Internacional?



(*) Carlos Galvão de Melo

A corrupção integral, principal inimigo da estabilidade social em todo o mundo, entrou em Portugal pela porta aberta de uma política medíocre e permissiva, a partir da qual tem vindo a alastra a toda a Nação de onde, parece, nenhum responsável político tem conseguido elimina-la, se é que alguma vez algum responsável político esteve ou está interessado em o tentar.

De início confinada à área económica, a corrupção sempre activa, sempre imaginativa, sempre crescente, dia a dia menos escondida, tem vindo a invadir e a dominar todos os campos de actividade bem assim alguns escalões da hierarquia do Estado.

E tanto subiu que, de momento, parece ser o próprio Governo a “legitimar” a corrupção quando decide destruir uma Base-escola essencial à Força Aérea, que é dizer essencial à segurança nacional e prestígio de Portugal no concerto das Nações para no seu lugar – exactamente no seu lugar, como se não houvesse terras livres e melhor situadas em todo o País! – aí edificar novo aeroporto civil que todos os portugueses, com dois dedos de testa, condenam e condenam cheios de razão.

No dia 22 de Novembro de 2005 li no Correio da Manhã “a Banca corre aos milhões da OTA”; e li no Diário de Notícias “a OTA vai criar 50.000 postos de trabalho”.

Mas nem um nem outro dizem de quantos trabalhadores especializados vai a demolição da Base-escola privar o País. A propaganda do Governo é mentirosa e desonesta: alimenta uma esperança económica suja na imensa, mas frágil por mal paga, classe operária.

Esta decisão do Governo tem tanto de absurdo como de contrário à economia, ao propor destruir para construir, quando é possível construir sem destruir em tanto lugar do vasto território desocupado. Com tanta terra livre não será para estranhar que o novo aeroporto tenha de ser edificado na área da Base da OTA?

Ou será que se pretende atingir algum objectivo não revelado à Nação?

Aqui chegado ocorre-me perguntar: é V. Exa. SR. Pº. Ministro o autor de tão funestra escolha ou V. Exa está a ser pressionado por forças internacionais, que não conhecemos mas sentimos que existem cujo objectivo é desagregar da sociedade humana tal como ele é hoje resultado de uma evolução de milénios. Se a ideia é Vossa, assumida livremente, as consequências são da Vossa única responsabilidade, se actua sob ameaça então terá de reagir ou corre o risco de ser acusado de cobardia.

Entretanto, devo confessar, este desvairado empenho em assumir-se tão gravosa decisão não me surpreende, por quanto ela surge na continuação de outros factos que, desde há 30 anos, se propõem enfraquecer se não mesmo eliminar as Forças Armadas.

Desde logo, após a revolução de 1974, a política adoptada pôs fim aos três Ministérios Militares: Exército, Armada, Força Aérea. Escapou somente o Ministro da Defesa Nacional que, pasme-se, desde os mesmos trinta anos, tem tido sempre um advogado! Agora sim, compreendemos porque foram eliminados os três Ministérios Militares: seria demasiado visível nomear quatro advogados para as chefias político-militares!

O Ministro da Defesa é a mais alta autoridade militar, logo abaixo do Presidente da República: não será mais coerente escolher um militar como é predominante em todo o mundo civilizado e sempre foi tradição entre os portugueses? Ao nomearem-se para a Defesa homens ignorantes das características específicas do militar, que nunca se debruçaram a estudar e meditar acerca da nobre missão que compete, aos exércitos bem assim a sua importância histórica como guardadores das virtudes rácicas, as consequências não se fizeram esperar: degradação, degradação, degradação como nunca se viu em quase nove séculos.

Sob a tutela de ministros da defesa civis: já se acabou com o serviço militar obrigatório que era fonte de dignidade de todo o cidadão e escola única de patriotismo e civismo. Eliminou-se o que era direito e honra de todos os portugueses, defender a Pátria, transferindo-se essa nobre missão para um grupo restrito de mercenários, que, na hora da verdade, nem em número chegarão e muito provavelmente já estarão velhos para cumprir certas missões que eram desempenhadas por homens de vinte anos admitidos em cada ano.

A agravar a situação acontece que a grande maioria dos portugueses não pode ajudar porque não foi preparada técnica e espiritualmente para cumprir missões que podem levar ao sacrifício da própria vida. Enfim, pretende-se uma Nação vencida antes de começar o combate.

Já se tentou acabar com o Colégio Militar no qual, desde os dez anos de idade, os futuros oficiais aprendiam as primeiras noções de honra, coragem e amor pátrio. Não conseguiram, pelo que agora se propõem acabar com os Pupilos do Exército, escola muito semelhante ao Colégio Militar.
Agora, de picareta em riste, preparam-se para destruir uma base aérea que custou rios de dinheiro ao erário público e que é essencial à Força Aérea. Como se vê a sequência destrutiva é perfeita!

A este forte prejuízo na área da defesa nacional segue-se a inacreditável construção de um aeroporto internacional a 50 km da capital, e a 80 km dos “dormitórios da capital”! Com a população oscilante entre 1.300 e 1.450 homens, a Base da OTA é a mais numerosa do País, pelo que dispõe de uma imensidade de construções que pela sua especificidade não podem ser aproveitados para aeroporto civil é tudo para destruir?

Isto significa que o que se vai destruir, é para se acabar com a Base-escola? Ou que se pretende também incluir, no projecto civil, novas instalações para a Força Aérea? Ou ainda construir a Base-escola noutro local? São perguntas óbvias que o actual Governo não esclareceu.

Ainda que de modo vago alguma coisa se vai sabendo quanto custará o novo aeroporto (sem contar com as derrapagens e auto gratificações) mas nada se diz quanto vai custar substituir a base-escola, onde vai ser construída e quanto tempo os trabalhos irão demorar.
Para justificarem a necessidade de saírem da Portela consta que têm sido vendidos terrenos pertencentes ao aeroporto que permitiriam certa expansão. Enquanto, por outro lado, consta que na área da OTA têm sido comprado terrenos para depois se venderem ao Estado a preços loucos. È a apoteose da corrupção legítimada.

A propósito da corrupção contaram-me uma anedota que, na opinião de muitos é um exemplo perfeito a caracterizar os trabalhos com ou para o Estado.
«O Estado abriu concurso público para certa obra. Apareceram três empreiteiros: um alemão, um espanhol e um português.
– O alemão apresentou o seu projecto e pediu três milhões de euros: 1 milhão para material, 1 milhão para pagar ordenados, 1milhão para seu lucro pessoal.
– O espanhol. alegando que tudo era mais caro em Espanha pediu 6 milhões.
– Muito preocupado o representante do Estado voltou-se para o último, o português, você vai com certeza oferecer condições mais favoráveis?
Ao que de pronto o empreiteiro português confirmou: muito mais favoráveis: o meu preço é 9 milhões: 3 milhões para mim, 3 milhões para V. Exa, e 3 milhões para pagar ao empreiteiro alemão.
E foi esta a proposta aceite».

Senhor Presidente da República assuma a decisão que se impõe antes que seja o Povo obrigado a tomá-la em mãos, como em 1383.
(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior do Exército.