José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

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Wednesday, April 25, 2007

MIGRAÇÃO e GLOBALIZAÇÃO


(*) Vasco Ferreira Pinto
No século XXI a migração deve ser uma alternativa de vida e não uma tábua de salvação. 11
Só assim, a identidade própria e a integração no País de acolhimento têm pleno significado.
Mas para isso ser possível, é indispensável que exista um mínimo de qualidade de vida no País de origem, para que se limite a emigração clandestina e se mantenha viva a esperança e a identidade do emigrante.
É esta realidade que tem estado ausente do debate sobre a migração.

Explico. Vivi em Paris um ano, 1963-64, no auge da emigração clandestina portuguesa para França.
Depois vivi 18 meses na Alemanha, 1 ano nos Açores e 20 anos em Africa.
No total estive 25 anos fora de Portugal.
Conheci portanto por experiência própria em vários Países, os problemas do migrante português e outros.

Para o português o principal é a envolvente da saudade que para muitos é a referencia que lhes mantém a esperança e a identidade. Que identidade?
Há 45 anos, nos meus tempos de universidade, havia quem resumisse essa identidade numa simples frase: os portugueses são os prussianos do sul da Europa, porque são trabalhadores e poupados o que os aproximava dos povos do Norte, e também hospitaleiros o que os identificava com os do Sul.

Depois de ter passado mais de 25 anos fora de Portugal durante os quais verifiquei ser verdadeira essa constatação, completo acrescentando que os portugueses são o fruto especial duma arvore com mais de oitocentos anos de enxertos “feitos em” e “recebidos de” quase todas as raças e culturas deste planeta, o que nos leva a respeitar e ser respeitados.

Em linguagem popular, somos um povo que deu muitos enxertos, levou muitos enxertos, mas nunca aniquilou ninguém, nem fomos aniquilados, porque nos misturámos sem perdermos as raízes e o travo do paladar de origem.

Não posso no entanto deixar de constatar que exemplos dos últimos anos na política, tornam mais fácil manter essa identidade por esse mundo fora do que aqui em Portugal. Muitos são aqueles que apregoam que os emigrantes perdem identidade, outros que os emigrantes nunca são felizes porque têm muitas saudades. Nada menos verdadeiro.
Os emigrantes são tão portugueses como qualquer outro que nunca tenha saído de Portugal, com uma única diferença, aprenderam a viver com regras que lhes permitem resolver a sua vida por mérito próprio, e não compreendem como é que se insiste em viver em Portugal à margem das regras.

Têm saudades porque “ quem não sente não é boa gente “. Mas há que fazer a distinção neste campo para não confundir sentimentos com a vida do dia a dia.
Têm saudades da família, dos amigos, do cantinho em que nasceram ou nasceram os seus antepassados, do Sol e da hospitalidade portuguesa, mas é um erro pensar que têm saudades do sistema que os levou a emigrar e que no essencial continua ainda hoje a prevalecer em Portugal, um sistema que empurra os portugueses para fora se querem ter a possibilidade de ser donos da sua vida sem ajudas e bloqueios precários, interessados ou interesseiros, vulgo “cunhas”.

É neste contexto que pergunto: porque é que os portugueses que emigraram nos anos 60 para França, que os recebeu em tão precárias condições como as que tiveram os “pieds-noirs” e outros emigrantes que lá chegaram na mesma altura, não recorreram à violência para fazer valer os seus direitos, como aconteceu há uns meses atrás em Paris e arredores?
Porque, diga-se o que se disser, por muito pobre que fosse a alternativa de voltarem a Portugal, ela nunca deixou de existir, o mesmo não acontecendo aos “pieds-noirs” e outros africanos.

As correntes migratórias dos países mais pobres para os mais ricos estão e estarão dependentes da evolução da qualidade de vida nuns e noutros, o que no meu ponto de vista terá muito a ver com uma estratégia de desenvolvimento global que até agora tem confundido alhos com bugalhos.

Em Estados que só têm fronteiras políticas, o que é que representa liberdade, democracia, motivação, competência, rigor, etc., para quem tenha o estômago vazio, não tenha emprego, casa, escola, hospital, segurança, etc., em resumo não tenha possibilidade de viver com um mínimo de dignidade nem condições para vir a tê-la, e é confrontado a toda a hora com imagens e notícias do que se passa de bom e mau por esse mundo fora via TV, Internet, etc?

Com a explosão demográfica nos países mais pobres e o oposto nos países mais ricos o fosso demográfico entre uns e outros tende a aumentar, não só no que respeita à qualidade de vida como à idade das populações.
Segundo algumas estatísticas não falta muito tempo para que a Europa com 500 milhões de cidadãos tenha 45% com mais de 45 anos e do outro lado dos 15 km do estreito de Gibraltar, a fronteira com África, viverão mais de 600 milhões de habitantes dos quais 45% com menos de 20 anos, números com tendência a estabilizar na Europa e a aumentar exponencialmente em África.

A desproporção será tão grande que a CNN informava há uns tempos atrás que a manter-se a actual taxa de crescimento em África a população atingiria os 3.500 milhões dentro de 150 anos (3 x mais que a actual população da China), apesar dos flagelos da Sida, malária, etc., a que se contraporiam os 500 e poucos milhões da Europa a manter-se a actual taxa de contenção da natalidade na Europa!!!
Uns com a vida feita, e muitos mais a alguns quilómetros de distância sem possibilidades de a fazerem.
Nestas condições o que é que se pode esperar da emigração africana e doutros países pobres?

Que os europeus cada vez mais velhos, passem toda uma vida a trabalhar para pagarem forças de segurança não produtivas e que custam uma fortuna, para que impeçam a imigração clandestina de desesperados cada vez mais jovens, mais esfomeados, menos educados e em maior numero?

Sistema de segurança que nas circunstâncias é uma utopia por mais sofisticado que seja, uma peneira a tapar o sol, uma nova Linha Maginot.
Quaisquer que sejam as sanções que os políticos pretendam usar para reforçar essa defesa “IMAGINÀRIA”, alem de terem fortes probabilidades de não serem eficazes como aconteceu na grande maioria dos casos com as sanções económicas:
· serão sanções com carácter perverso porque não dizem respeito a bens ou meios financeiros mas a pessoas com vidas sem alternativas, portanto medidas que são global e maioritariamente reprovadas, o que acarreta a instabilidade que todos reconhecem como promotora do terrorismo,
· são sanções que põem em risco o próprio sistema de segurança social dos europeus, já hoje sob enorme pressão, porque o dinheiro que se gasta num lado não pode ser gasto noutro,
· tendo alem do mais o efeito contrário ao desejado porque a mão-de-obra nacional que está nas forças de segurança, não está no mercado produtivo.

É uma verdade do Senhor La Palice afirmar que este fluxo migratório num só sentido, passará a ter dois sentidos quando os países mais carentes deixarem de o ser.
É lícito perguntar, para quando é que essa realidade será objectivamente conseguida?
Parece-me claro como agua, que é impossível prever hoje quando é que esse objectivo será atingido, mas é possível afirmar que será tanto mais tarde quanto mais tempo os políticos dos Países desenvolvidos continuarem a olhar para o umbigo.

Porque é que só se fala em arranjar mais emprego e melhor educação nos Países de acolhimento, e não se fala em arranjar emprego e promover educação nos Países de origem?

Grande parte dos actuais problemas de desenvolvimento e emigração, tem origem na visão castrada da realidade que irracionalmente insiste em desenvolvimento prioritário nos Países de acolhimento, hoje em dia cada vez mais onerado, e não atende à constatação evidente para qualquer leigo com um mínimo de conhecimentos e bom senso, de que a locomotiva do desenvolvimento global e consequente bem-estar e segurança das populações, está cada vez mais na produção e nas trocas com os Países mais pobres.

Estes têm todas as infra-estruturas a construir, com larga utilização de mão de obra local não especializada: estradas, caminho de ferro, portos, aeroportos, produção e transporte de energia, meios de comunicação, escolas, hospitais, etc., etc., só possível com supervisão, mão de obra especializada, técnicas, equipamentos, e financiamento dos Países desenvolvidos.

Esta política global de desenvolvimento contribuiria de forma eficaz e quase imediata para o tão desejado emprego, tanto para cidadãos dos Países pobres como dos ricos.

No que respeita à industria, porque não pensar em começar por produzir produtos semi-acabados nos Países que possuem a matéria-prima?

No café, por exemplo, a “pasta de café” que serve para fazer café solúvel pode ser fabricada nos Países produtores. Não só a mais valia da transformação do grão em pasta ficava no País produtor, como milhões de toneladas a transportar em grão para os Países desenvolvidos, seriam reduzidas a milhares de toneladas de pasta a transportar. Como este, muitos outros exemplos podem ser encontrados, os quais para alem dos aspectos acima referidos, trazem ainda a vantagem de diminuir substancialmente o investimento industrial a fazer nos Países pobres sem deixar de criar emprego, simultaneamente permitindo que o investimento existente nos Países ricos seja reduzido e melhorado, portanto tornando mais competitivo o produto final.

Não sou perito na matéria, mas a produção de produtos semi-acabados poderia reformar drasticamente a enormidade economicista actual, a qual mantém baixos os preços nos Países ricos à custa das matérias-primas baratas dos Países pobres.
A manter-se a actual política, é inegável que haverá aumento exponencial da emigração clandestina que é cada vez mais cara em segurança e integração.

O que se poupa com as matérias primas, gasta-se nos custos de prevenção da emigração clandestina e na integração do emigrante, hoje com a agravante de que essa poupança serve inegavelmente para aumentar a insegurança global, resultante da emigração clandestina para os Países ricos e da pobreza nos Países pobres.

Lembro a este respeito o que dizia um político zairense: à data da independência do Zaire, em 1960, 1 tonelada de lingotes de cobre comprava um Volkswagen. Hoje talvez não compre o volante!!!

Certo é que para o equilíbrio global, os Países pobres têm que construir infra-estruturas, desenvolverem o sector agrícola para se auto-alimentarem e o sector industrial para o seu enriquecimento económico, não só com o claro objectivo de criar emprego para fixar as populações locais, como simultaneamente o de conseguirem os meios materiais necessários à economia dos serviços e do conhecimento, indispensáveis para o melhoria da qualidade de vida e para a inadiável transformação do sistema de educação tradicional e da formação ao longo da vida, só possível com a ajuda das novas técnicas de informação, dos recursos humanos e financiamento dos Países desenvolvidos.

Todos precisam de todos. É essa a força da globalização.
Basta haver vontade política e bom senso para enfrentar o presente, vencer os desafios que a globalização acarreta e assim ganhar o futuro.

VFPINTO – Sesimbra, Novembro de 2005

Saturday, April 14, 2007

CHEIRA A ESTURRO


(*) Belmiro Vieira
Depois da NATO, é agora a NASA que chega a Cabo Verde, o pequeno, simpático e acolhedor arquipélago atlântico, sediado na encruzilhada de rotas que ligam a Europa, África e América do Sul.

A NATO, como se sabe e aqui foi explicado recentemente, chegou ali e instalou-se, não para apreciar a nobreza do seu povo ou a beleza das suas praias de areia branca, que estão fazendo deste pequeno pais um dos grandes destinos turísticos internacionais.
Mas sim – como foi explicado oficialmente – para ali instalar uma base e assim poder combater eficazmente o narcotráfico e a gira de mão-de-obra clandestina.

Repetimos “para combater, para deste modo justificar o riso gracioso de alguns que, como nós, sabem que tanto o narcotráfico como a mão-de-obra clandestina são negócios do interesse dos “patrões dos patrões”, por isso que não são combatíveis.

Mas deixemos a NATO e olhemos para a NASA para formular a pergunta:
O que foi ela fazer em Cabo Verde?

A resposta foi dada, por alguns dos seus responsáveis, durante uma entrevista que a RTP-África transmitiu recentemente.
E é assim :
A Agência Espacial norte-americana vai instalar uma base no arquipélago, com vista a estudar formas de combater furacões que, a partir dali e com origem presumível em fenómenos geológicos na sua plataforma continental, fustiguem todos os anos o território norte-americano.

Ao ouvir isso, nós – que sempre estivemos convencidos de que a maioria dos “furacões” que assolam o Mundo têm origem nos “States” – ficamos estarrecidos.
Por outro lado, conhecendo bem o arquipélago, asseguramos aos nossos leitores que tudo ali é calmo.

Há de facto um vulcão, o da Ilha do Fogo, mas esse está adormecido há décadas e das raras vezes que pestaneja só consegue acordar a vizinha ilha Brava.

Assim sendo, essa de instalar ali uma base para estudar furacões é coisa que não nos convence.

Cheira-nos antes o que a NASA pretende é pôr ali uma base dos chamados “satélites espiões” semelhantes aquele que tem desde há muito na zona austral africana e que tem por missão vigiar territórios potencialmente ricos do que chama “reserva estratégica”, como , por exemplo, Angola e o Zaire.
Será?

(*) Jornalista

Sunday, April 08, 2007

NORMALIZAR A ANORMALIDADE

(*) Marco Vinicios
Um conhecido escritor e jornalista alemão, que nos visitou a quando da nossa adesão à CEE, ora chamada União Europeia – será mesmo união? – escreveu, numa das reportagens que publicou, que uma das coisa que mais o impressionou. durante a sua estadia de duas semanas, havia sido o facto de em Portugal se considerar normal o que em todo o lado constitui anormalidade.

E para ilustrar a sua afirmação, enumerou exemplos muito concretos, retirados do nosso dia-a-dia e mesmo da nossa História.

Os estrangeiros – sabemos – por vezes dizem de nós muitas inverdades, mas essa, apontada pelo patrício da senhora Mentira é uma camisa que nos assenta sem deixar uma ruga.

Efectivamente, somos como somos:
Orgulhosamente únicos em muitas coisas, e sobretudo imbatíveis nessa de normalizar a anormalidade.

Um atributo que, recebido não se sabe bem se dos celtas, dos iberos ou talvez dos velhos lusitanos, nos distingue – negativamente por certo – dos demais europeus.

Tantos anos depois dessa denúncia feita por um estranho, essa prática ainda se mantém, quando o natural seria que, perante tão clara e ajustada crítica – o anormal é quase sempre prejudicial – tivesse havido da parte de alguns de nós, nomeadamente dos que tem responsabilidades no campo social, um esforço no sentido da mudança.

Os exemplos dessa propensão para a consagração da anormalidade frutificam, sobretudo nesta nossa bela e querida cidade-capital. Estão mesmo à vista desarmada:

Eis um deles, por sinal de ocorrência quotidiana e potenciador de prejuízos consideráveis:
Abrir uma vala, “plantar” buracos ou deixar que a chuva os faça nas vias públicas, por onde circulam diariamente veículos e pessoas aos milhares é já de si uma anormalidade.

Tolerável, sempre e quando justificável como inevitável, mas absolutamente intolerável quando fruto ou reflexo de descasos. Nenhuma justificação, porém, deverá aceitar-se, quando tais valas e buracos não são objecto de obras de reparação em tempo razoável ou são atiradas para o rol das chamadas obras de Santa Engrácia.

Pois bem, nesta nossa Lisboa, produzem-se, reproduzem-se e proliferam valas e buracos de todos os feitios e tamanhos, com uma diversidade enorme de tempos de vida, e também de promotores, entre os quais se destacam muitos organismos públicos e os próprios municípios.

Os prejuízos causados por essa “anormalidade” da vida alfacinha são incalculáveis. E deles são vítimas principais as dezenas de milhar de automóveis que diariamente circulam pelas ruas da cidade; os quais não raro restam em poucas semanas, com:
a – Suspensões destroçadas;
b – Direcções prejudicadas;
c – Equipamentos pneumáticos gravemente afectados;
d – Estruturas de segurança fragilizadas;
e – etc… etc…

E isso é tão verdade que, se neste país a Justiça funcionasse, de há muito o nosso Município estaria a contas com ela.

Sobre este grave tema dos “buracos urbanos”, seria interessante ouvir a opinião da nossa Câmara e do seu “maire” ou “sindaco”. Opinião formulada não de forma arrogante e impositiva, mas sim em tom de serenidade, que assuma o “mea culpa”, se for caso disso. Como exigem as regras da convivência em democracia.

(*) Jornalista

Sunday, April 01, 2007

O FENÓMENO DA CORRUPÇÃO


(*) BELMIRO VIEIRA
O que é? Como? Onde? – A corrupção ou suborno – ensina qualquer dicionário – é um acto pelo qual alguém consegue, via de regra pela oferta de dinheiro ou outras formas de pagamento, que outrem satisfaça os seus desejos, mas de uma forma que a lei condena e a lei repudia.
A corrupção não é um fenómeno exclusivo dos dias de hoje.
Nasceu com as primeiras sociedades humanas e tem convivido com elas sempre de uma forma cada vez mais íntima.

Via de regra, a corrupção é um acto a que se empresta o maior sigilo, porque assim exigem a vontade e a conveniência tanto do corruptor como do corrupto. Sigilo que, no entanto, nem sempre se cumpre.
Daí que alguns casos de corrupção tenham passado ao conhecimento público e à própria História.
O mais célebre foi, sem dúvida, o do judeu Judas Escariote que, por trinta dinheiros, entregou o seu amigo e companheiro Jesus aos romanos de Pôncio Pilatos, para a seguir, ser imolado no Golgotá.

Fruto proibido, fruto cobiçado, costuma dizer o vulgo e é verdade. Do mesmo modo que o que é segredo via de regra suscita apetências para a desvendação.

Assim sendo, não admira que haja hoje, por aí fora, inúmeras pessoas e instituições que se especializaram e se entretêm na tarefa quotidiana de desvendar os segredos guardados nos cofres fortes da corrupção que avassala as sociedades dos nossos dias.
Tarefa que – é bom observar – comporta tarefas de execução tão grandes que, muitas das vezes, para serem ultrapassadas se torna inevitável o recurso à presunção ou mesmo á mentira.

De entre as várias instituições que se dedicam à denúncia da corrupção à escala mundial, duas há que merecem referência especial sobretudo pelo empenho que põem na execução dessa tarefa e bem assim na divulgação dos resultados obtidos.
1 – Uma delas é a Global Witness, empresa com sede em Londres, agentes em Lisboa e, ao que se diz, cérebro em New York.
2 – A outra está sediada em Berlim e adopta uma designação tão sonante que não pode deixar de despertar a curiosidade geral.

É a Transparency International (Transparência Internacional, em português) responsável pela publicação de relatórios anuais, aos quais os vários países do Mundo aparecem escalonados, segundo índices de corrupção que lhes são atribuídos.

Por certo com o recurso à presunção, já que, sendo a corrupção um acto normalmente revestido do maior secretismo, não se vê como é possível elaborar estatísticas e elaborar valores que possam merecer credibilidade absoluta.

Na edição do relatório do último ano, por exemplo, são referenciados e enfileirados 146 países dos cinco continentes.

Como vai sendo habitual, as páginas negras do relatório estão consignadas à África. Onde, – ainda de acordo com o documento – se localizam alguns dos países mais corruptos do Mundo: Nigéria, República Democrática do Congo, Costa do Marfim, Chade e Angola.
Todos eles possuidores de petróleo e outros importantes recursos naturais que suscitam a cobiça internacional. Logo, países que importa desestabilizar pela propaganda negativa, para mais facilmente poderem ser espoliados.

Sobre a corrupção importa ainda reter o seguinte: contrariamente ao que se pretende afirmar no relatório antes referido, não é em África e noutras regiões do chamado Terceiro Mundo que ela prospera e impera.

Já que, como facilmente se pode intuir, é nos países onde há mais meios de riqueza em circulação e em disputa que se encontra condições para fortificar e crescer.

Assim sendo, podemos afirmar, sem receio de errar que a corrupção, por exemplo, é mais forte e generalizada na Europa que em África.

Mas, ao nível mundial, onde ela manda e comanda, é precisamente nos “States” que são reconhecidamente o país mais rico do Mundo.

E se alguém tiver dúvidas sobre isso que se lembre que é ali que funcionam, legalizados e à luz do dia, escritórios de advogados especializados na criação de “lobbies” para favorecer causas, as mais variadas, em troca de chorudos contributos financeiros.

(*) Jornalista