ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (III)
(*) Belmiro Vieira
POLÍTICA E MENTIRA
Política, – ensina qualquer dicionário: – é a actividade relacionada, e no geral, com o governo dos homens, enquanto grupo, e com a administração das coisas. A política foi assim entendida na Grécia Antiga, mas hoje está generalizada à escala mundial, não havendo praticamente ninguém que consiga escapar aos seus efeitos.
Mentira, – diz ainda qualquer dicionário: – é a expressão ou manifestação propositadamente falseada, do que se acredita ser verdade, e geralmente destinada a enganar alguém.
A política e a mentira são, pois, actividades eminentemente, ou melhor, exclusivamente humanas, visto não haver provas de manifestações suas entre os chamados seres irracionais.
Nos tempos que passam – como é fácil de comprovar – uma e outra coexistem em perfeita aliança ou, para ser mais exacto, numa harmoniosa e bem urdida sociedade, que, como todas as instituições no género, soe geral e simultaneamente lucros para uns e peras para outros. A única verdadeira diferença que existe entre uma e outra é que a política não está ao alcance de todos, enquanto a mentira pode ser usada por qualquer um.
A Política, teoricamente, deve ser sempre igual no propósito de atingir o seu principal objectivo que é a consecussão do bem comum do grupo social, no seio do qual se manifesta. Porém, na prática, ela é comandada por objectivos bem diferentes: tudo depende dos que assumem o encargo de a executar.
A Mentira, tem formas variadas de expressão, do mesmo modo que são variadas as suas motivações. Há as de várias formas:
a – Mentiras inocentes, ou melhor inofensivas, que são aquelas que, embora tripudiando sobre a verdade, não resultam em malefícios para ninguém: «conhecem-se mentiras bem urdidas ou orquestradas, que impressionam pela originalidade da sua arquitectura».
b – Mentiras piedosas, que são aquelas que se concebem, via de regra, com o propósito de esconder ou minimizar factos ou situações: «cujo conhecimento se pensa ser motivo de desagrado para outrem.
c – Mentiras maliciosas, que são aquelas que são urdidas com a intenção de esconder irregularidades danosas ou mesmo actos de natureza criminosa: «sendo elas de facto o pão nosso de cada dia nestes tempos modernos».
MENTIRAS QUE FIZERAM HISTÓRIA NO SÉCULO XX
A maioria das mentiras que se tem produzido por esse Mundo fóra está hoje definitivamente afastada da memória colectiva, remetidas como foram para o grande armazém do olvido. Algumas há, no entanto, que vêm à memória de vez em quanto, porque se tornaram históricas.
Enumeram-se a seguir e ao sabor do acaso, as que se julgam terem tido mais ampla ressonância:
Incêndio do Reichstag (Parlamento alemão):
Concebido e executado pelos nazis, mas atribuído aos comunistas, para que Hitler pudesse justificara a perseguição que viria a desencadear contra eles.
Afundamento do Lusitânia:
Arquitectado como argumento para levar os Estados Unidos a entrar na I Grande Guerra Mundial.
11 de Setembro:
Oficialmente apontado como obra de Bin Laden e da sua Al-Caida, mas – segundo muitos analistas – um artifício preparado pela Mossad – a secreta israelita – com o propósito de acirrar ainda mais a animosidade dos norte-americanos em relação aos países do Islão.
Outro sim, mentiras sem conto sobre o número de judeus mortos no desmoronar das torres gémeas, que inicialmente se disse terem sido cerca de 2.000, mais tarde passou para 29 e finalmente se verificou terem sido apenas três entre os quase 3.000 que ali trabalhavam diariamente.
O que faz supôr que tenham sido previamente avisados do que se iria passar.
Fundação da ONU:
Ocorrida logo a seguir ao termo da II Grande Guerra e atribuída oficialmente a um grupo de países ocidentais, com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha à cabeça.
Em termos práticos, porém, – sabe-se – a ONU foi inicialmente uma iniciativa da CRE (Conselho de Relações Externas), uma poderosa associação de empresários norte-americanos, encabeçada pelos Rockfeller.
Que, deste modo, quis ter à sua disposição um instrumento de intervenção política à escala internacional, com vista à globalização dos seus negócios e interesses.
Globalização:
Instituída, ao que se afirma com o propósito de internacionalizar a economia, para, deste modo, redistribuir as riquezas e favorecer os mais carecidos.
Em termos práticos, porém, o que a globalização trouxe até agora foi a precarização do trabalho; o desmantelamento da protecção social adquirida com tanto esforço; e também a ampliação da miséria à escala mundial.
Como documentam dados estatísticos da própria ONU, que dão, de seguro, que existem actualmente em todo o Mundo cerca de 3.000 milhões de indivíduos extremamente pobres, quando, em 1990 havia 2.718 milhões e em 1998 2.810 milhões.
Armas de destruição maciva:
Idealizadas pelos governos norte-americanos e britânicos e atribuídas a Saddam Hussein, para assim justificar a intervenção militar no Iraque.
Têm sido de balde as investigações ordenadas por Bush e pelo seu amigo Blair, com vista a comprovar a sua existência, de modo que o grosso da opinião pública internacional já a vem considerando como a grande mentira do milénio.
CÁ PELO BURGO:
Como se disse antes, a política e a mentira andam de braço dado em todo o lado.
Daí que Portugal, um país pequeno e hoje mais que nunca ligado política e economicamente ao Exterior, não podia ser uma excepção.
E não é!
Só que, cá pelo burgo, as mentiras que diariamente se concebem e se cosinham no caldeirão político já não despertam o apetite, melhor dizendo, enfastiam que se fartam, quando se diz, por exemplo:
1 – Que o país está já a sair da recessão.
2 – Que a Justiça irá efectivamente funcionar e em breve todos os criminosos indígenas vão ter de se haver com ela.
3 – Que o Governo vai criar mais 150.000 empregos.
(*) Jornalista
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