José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

Pesquisá pelo google.pt ou pelo sapo.pt

Sunday, February 11, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (V)

(*) A Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

O “movimento dos capitães” nasceu duma questão de restrita importância. Um general, pelo menos pouco avisado, para alargar os quadros de oficiais que começavam a não satisfazer as exigências da situação militar em que o «país se encontrava, concedeu aos milicianos vantagens julgadas inaceitáveis pela Academia.

Mas Portugal não vivia em tempos normais; frente à carência existente de subalternos, o direito de um galão a mais, na altura própria, não parecia ser assim de tal modo importante que justificasse a destruição de um Império de cinco séculos de gloriosa existência.

Os oficiais milicianos, aliás, compartilhavam com os seus camaradas da Academia Militar dos riscos e sacrifícios das operações de defesa das fronteiras africanas.
Que estes consideravam ofensivo dos seus galões a possibilidade de, em certas circunstâncias, serem ultrapassados por aqueles na escala de antiguidades, parece ser ponto de vista de duvidosa moral.
Principalmente para quem se apresentou, mais tarde, como dominado pelo espírito igualitário das sociedades progressistas.

E, depois do que se veio a passar em África, dir-se-ia não poder perceber-se, sequer, que o brilho desses galões se considerasse ofuscado por uma promoção antecipada, com ou sem razão, por motivos de interesse nacional. Nas forças armadas portuguesas, uma rigorosa legalidade está, de tal modo fora das tradições que é legítima a dúvida sobre se a questão dos milicianos foi, ou não, integralmente montada.

Fosse como fosse com os cinquenta milhões de dólares dos russos, a reacção dos oficiais da Academia Militar teria sido limitada.

Mas o mal-estar criado no seio do exército, inicialmente espontâneo e a nível de simples desagrado, foi aproveitado pelos partidos, forças políticas esquerdistas e por indivíduos ligados à conferência de Paris,
Uma ou duas dezenas de oficiais que, por uma razão ou por outra, acima de tudo e fosse como fosse, queriam depor as armas e regressar aos quartéis metropolitanos.

Apressando-se a tomar sobre si a tarefa de utilizar esse mal-estar a fim de estruturar esse movimento de protesto tendo em vista empurrar o exército para uma revolta.

O Conselho da Revolução afirmou, em Março de 1977, que a descolonização fora, desde logo, um dos objectivos da revolução; mas a afirmação, naturalmente, era menos verdadeira,
No princípio de 1974, mau grado o desvio político que o “movimento dos Capitães” havia tomado, por certo abortaria em meia dúzia de dias se fosse relacionado com a conferência de Paris, com quem nela interviera, e com o que nela fora estipulado.

Sem dúvida as Forças armadas têm culpas; mas não tantas.

O número de criminosos, susceptíveis de serem julgados em Nuremberg, conta-se pelos dedos e o daqueles que, por excessiva confiança, entregaram o país ao inimigo não vai além de duas ou três centenas de indivíduos.

Certo é que, em Março de 1974, a “ultrapassagem” nas antiguidades perdera toda ou qualquer importância.

O que estava em causa para os oficiais milicianos ou da Academia não combatentes e de passado modestamente dado à luta, era a liberdade, a democracia, a exploração dos pobres pelos ricos e o direito à autodeterminação dos povos coloniais.

O livro do general Spínola, que ele, seguramente, não escreveu nem, provavelmente, pretende tê-lo feito, foi o detonador da revolta.

Considerar a sua publicação, no momento em que foi feita, como mera coincidência, é, sem dúvida, prova de grande ingenuidade.

Como também não foi por acaso – o acaso é, quase sempre produto de determinação de alguém – que o secretário-geral do Partido Socialista afirmou, peremptório, ao chegar a Lisboa depois da revolução:

“Sem os comunistas não há democracia em Portugal e, sem eles, os socialistas não participarão no governo”.

Os chefes militares do movimento, não comprometidos na conferência de Paris, eram de voos intelectuais limitados demais para terem a audácia de aproveitar a oportunidade que se lhes oferecia.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA : Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.




0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home