José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Monday, January 15, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (III)

(*) A. Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

A suspensão das operações sul-africanas no Sul de Angola, em 1975, quando a realização dos objectivos estava à vista, só é explicável pela existência, senão de um entendimento russo-norte-americano relacionado com o que fora convencionado em 1973, em Paris, entre a esquerda portuguesa e o governo de Moscou, pelo menos pela fácil aceitação por parte de Washington, da afirmação feita por Brejnev, de que a ocupação de Angola pelos cubanos era questão de ser debatida, exclusivamente, entre Luanda e Havana.

O Kremlin, porém, tinha consciência de que nessa altura – com excepção de um restrito sector, sem representatividade, que o país desprezava – os portugueses alinhavam decididamente, ao lado do governo, na defesa do Ultramar.
Mesmo a oposição ao regime mantinha-se fiel à linha política da primeira República que, com Afonso Costa, António José de Almeida e Norton de Matos, colocava a defesa das terras de Além-Mar no primeiro plano dos deveres permanentes do país.

Um relatório do “Fígaro”, que veio a Lisboa depois da morte de Salazar, reconheceu, com surpresa sua, que a guerra nas fronteiras das províncias africanas, mesmo entre as classes trabalhadoras, nada tinha de impopular.

A política ultramarina tradicional estava de tal modo arreigada na alma portuguesa que, como expressão do próprio sentimento de independência do país, se colocava acima das ideologias partidárias e da luta de classes.
A Rússia, naturalmente, não considerava o sentimento nacional das populações ultramarinas portuguesas – brancos, negros ou malaios – como um obstáculo. Como dizia Alarico: o feno, mesmo denso, é fácil de cortar.

O que estava em causa na conferência de Paris, tão sem importância que quase passou despercebida, não era a sorte da África portuguesa nem a satisfação das aspirações das suas populações, em defesa da URSS num inevitável conflito com a China.

Há muitos anos que Moscou não ignora que, para resistir à pressão chinesa sobre a Sibéria carece do controlo da economia ocidental.
O domínio de Angola e Moçambique apenas lhe interessava como degrau necessário para o domínio da África Austral que, ainda hoje, é um dos objectivos fundamentais da sua política internacional.
A Sibéria – e a própria existência da URSS, como grande nação, a discutir no inevitável conflito que a Rússia, mais tarde ou mais cedo, terá de travar com a China – não a pode o Kremlin defender sem o apoio industrial da Europa e este, para ser válido, depende da rota do Cabo, por onde passa a quase totalidade dos abastecimentos ao velho continente em matérias primas e petróleo.

A inferioridade numérica, face ao bloco sino-japonês, que forçosamente se formará em caso de conflito armado, condena a Rússia a uma derrota inevitável se, além de uma esmagadora superioridade tecnológica, não tiver o domínio dos Oceanos, e o quase monopólio dos minerais estratégicos que só são abundantes na África do Sul.

Pouco antes de morrer Spengler afirmou profeticamente que o Ocidente só poderia ser salvo pela África do Sul. Não, naturalmente, pelo valor das suas armas – que se não põe em dúvida – mas porque no dia em que a Europa estiver cercada pelo Sul não será mais, na realidade, do que a pequena península da Ásia a que Paul Valéry se referia.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA 1: Continuação do (II).
NOTA 2: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.



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