PAÍS PERDULÁRIO
“Time is money” – o tempo é dinheiro – costumam dizer os ingleses, para justificar que o tempo, que cada indivíduo dispõe no seu dia-a-dia é sempre limitado e por vezes até escasso, o que o torna tão precioso, como o dinheiro que raramente é demais. Daí, portanto, a necessidade de o gerir bem, não o desperdiçando, para que não falte quando a sua utilização se torna exigível em tarefas imprescindíveis.
Esta opinião – repetimos – é a dos nossos amigos e aliados ingleses mas não, por certo, a da malta de cá, que se observa quotidianamente e um pouco por todo o lado, não concede um mínimo de importância ao tempo disponível. Por isso que nem se quer o gastam, antes o deitam fora, com soberana indiferença.
Se porventura alguém tiver dúvidas sobre esse nacional desbarato que dê, por exemplo, umas voltas por aí para se certificar das mil e uma formas que nós, os lusitanos, engendramos para mandar o tempo às urtigas.
Uma das mais em uso e de seguro mais facilmente perceptível, porque está à vista de todos, está nas chamadas “bichas”, que, na opinião de alguns observadores, é uma instituição típica do Terceiro Mundo, mas pelo visto não exclusiva.
Há-as de facto por aí aos montes e a sua observação é directa e pronta:
1 – Nos “halls” das repartições públicas mais procuradas pelos cidadãos.
2 – Nas ruas dos principais centros urbanos.
3 – Nas paragens dos autocarros e eléctricos.
4 – Nas caixas dos grandes centros comerciais.
5 – Á porta dos hospitais e centros de saúde
Mas não ficam por aqui, pois outras há que subsistem e se desenvolvem na semi-penumbra, como são, por exemplo:
a – As que caracterizam os registos dos tribunais, onde milhares de processos se alinham à espera de julgamento ou de tempo de prescrição.
b – As que habitam no fundo de muitas secretárias oficiais, onde leis aprovadas se amontoam à espera de serem postas em vigor.
c –Nos tempos onde o tempo é inutilmente sacrificado nos inúmeros e desvairados locais – cafés, restaurantes, “reuniões”, órgãos ditos de Comunicação Social, etc – onde a indústria nacional do paleio se empenha, dia e noite, num afã sem igual, como “o chamado caso da pedofilia na Casa Pia”.
A concluir o que se pode qualificar como o mais chocante dos exemplos de desperdício. O qual está consubstanciado numa notícia que veio a lume há tempo e segundo a qual os adeptos da caça que existem no País gastam por ano cerca de 270 milhões de euros na aquisição de armas, munições, cães especiais, licenças, fardamentos … etc.
Para quê? Para caçar nada! Já que o país, desde há muito, que é um deserto cinegeticamente falando. Logo o que a rapaziada do gatinho tem vindo a fazer, simultaneamente, é um mero desperdício de tempo e de dinheiro.
Muito mais haveria de dizer sobre o tema. Julgamos, no entanto, que os exemplos apontados são mais do que suficientes para justificar que se tente uma inversão. Como? Aqui a tarefa cabe, em primeiro lugar, ao Governo, que, com iniciativas nesse sentido, acabaria por averbar ganhos.
Efectivamente, se, como dizem os ingleses, o tempo é dinheiro, poupá-lo é um imperativo, sobretudo neste nosso País, que de “tanga” como está, até já anda a pôr créditos do Estado no prego. E, a vender parte do seu precioso património, inclusive, essa “áurea herança” que Salazar deixou à guarda do Banco de Portugal.
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