FUTEBOL-ARTE E FUTEBOL-ARTIFÍCIO
Nos bons velhos tempos, o futebol era acima de tudo um espectáculo, que fazia delirar multidões, e sobretudo com os golos, que consagravam vitórias para uns e derrotas para outros.
E era também uma arte, que tinha a sua expressão máxima nos “driblings” ou fintas, que, sobrevalorizando o espectáculo, também distinguiam ou premiavam, em termo de popularidade apenas, – já que outros ganhos eram apenas simbólicos, – áqueles jogadores mais bem dotados em atributos para iludir os adversários, criando assim condições para mais facilmente chegar ao golo e garantir o triunfo para a sua equipa.
No que concerne a esse futebol-arte, a História e a memória popular registam autênticos génios.
Como o inglês Mathews, o “feiticeiro”; o brasileiro Garrincha, o das “pernas tortas”; o argentino Madona, o da “mão de Deus”; o moçambicano-português Eusébio, a “pantera negra”; e – aquele que é considerado o maior de todos – o também brasileiro Edson Arantes do Nascimento, dito Pelé, o “rei”.
Hoje, o futebol é algo diferente: os golos são cada vez mais difíceis de acontecer, dentro do rectângulo, obviamente. E arte, que outrora produzia tantas emoções, já praticamente não existe, substituída como foi por artifícios. Que existem e se manifestam, quase sempre fora do rectângulo e sem conhecimento dos jogadores, de múltiplas formas e feitios e com finalidades as mais variadas:
– Para driblar, o guloso fisco;
– Para facilitar, o enriquecimento pessoal;
– Para “branquear”, o que muita gente considera, o futebol, como um detergente sem igual – uma dessas pessoas é, recorda-se, a dra. Maria José Morgado, ex-directora da Polícia Judiciária, a qual, numa entrevista dada a um diário lisboeta exaltou essas novas “virtudes” do desporto rei.
«O futebol – disse ela – é um mundo de branqueamentos de dinheiros sujos, com promiscuidades políticas que não se sabe onde começam nem onde acabam».
(*) Jornalista
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