José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Tuesday, January 23, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (IV)

(*) A Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

Nos princípios de 1973 o interesse da Rússia pela sorte de Portugal metropolitano era restrito demais para justificar a presença de uma delegação na conferência de Paris.
Só o ultramar português lhe interessava e só em função desse interesse as questões portuguesas vieram a ser tratadas por essa delegação.

A “guerra colonial”, ao tempo dominada em Angola, controlada em Moçambique, e em condições de ser ganha na Guiné, podia terminar em meia dúzia de meses.
Se assim acontecesse Moscou teria deixado perder uma rara oportunidade para se instalar em Angola e Moçambique sem levantar protestos internacionais.
Na política portuguesa passaria a oportunidade para adquirir por um prato de lentilhas, a uma minoria ávida de honras e benesses, uma herança de quinhentos anos de história.

O montante posto pela Rússia em Paris, à disposição da esquerda portuguesa, para financiar a revolução, foi objecto de muitas conjecturas.
Na altura falou-se em cinquenta milhões de dólares; não parece, porém, que tão pouco chegasse para satisfazer tantos encargos, mesmo tendo em conta que as despesas com as tropas mercenárias cubanas desde logo ficara assente serem pagas directamente por Moscou.

O governo Russo não estava interessado em economizar rublos e, naturalmente, menos ainda, em poupar copeks.

Aliás, como refere “Faits et Idées”, ficou assente que o governo saído da revolução deveria pagar integralmente todos os dinheiros recebidos. O que fez com a compra de açúcar a Cuba a preços superiores aos do mercado internacional e, à Rússia, compra de madeira de pinho e sardinhas, e venda de vinho a dois escudos o litro e sapatos a cem escudos o par.

Na guerra todas as economias são sempre dispendiosas.

O que interessava ao Kremlin era levar os sectores democratas tradicionalistas da primeira República – ou pelo menos uma parte representativa – a maçonaria e elementos progressistas católicos, tipo Capela do Rato, a alinhar com os socialistas e comunistas no apoio a um grupo de militares que se propusesse transferir a solução do problema ultramarino do plano militar para o plano político onde o Kremlin estava seguro de poder impor os seus pontos de vista.

Esse apoio, ainda que fosse confuso e mal definido, teria acção decisiva no clima revolucionário que dominaria as semanas posteriores à eclosão do movimento militar.
Com ele seria possível proceder a uma descolonização sem complicações “democráticas”, passando as províncias ultramarina directamente da soberania portuguesa, sem ouvir populações, para o controlo de forças dependentes de Moscou.
Sobretudo se os meios de comunicação fossem habilmente utilizados para desviar a atenção do país dos problemas africanos, onde o destino de Portugal estava em jogo, para a ameaça da comunização imediata do quadrilátero europeu que Moscou, na altura, não tinha, por certo, a menor intenção de levar a cabo.

A partir da conferência de Paris os acontecimentos pelos quais se traduziu a escalada da subversão no nosso país, sucederam-se em rápida cadência:
1 – Em Maio,
a Acção Socialista Portuguesa transformou-se no Partido Socialista que, desde logo se declarou “radicalmente anti-colonialista” pronto a bater-se pelo “direito à autodeterminação dos povos coloniais”;
2 – Em Julho, em volta da questão de ordem profissional, formou-se o chamado “movimento dos capitães” que, no Outono, tendo relegado para segundo plano as suas reivindicações iniciais, tinha dado aos seus objectivos um nítido cariz político, pretensamente democrático mas, na realidade, de inspiração marxista.
3 – Em Setembro, o PC e o PS subscrevem um comunicado em que afirmaram ser objecto das “forças democráticas portuguesas” pôr termo à “guerra colonial” propondo “imediatamente negociações com vista à independência dos povos de Angola, da Guiné Bissau e de Moçambique”,

Os milhões de dólares do Kremlin não tinham caído em terra sáfara.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA : Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.



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