José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

Pesquisá pelo google.pt ou pelo sapo.pt

Friday, July 22, 2005

OS PINÓQUIOS NO PAÍS DA “GORDA” - «ENSAIO SOBRE O ACTUAL MOMENTO POLÍTICO»


(*)Vasco Ferreira Pinto

Está na ordem do dia, falar, comentar e analisar até à exaustão a qualidade da gestão publica, mas é bom não generalizar para evitar especulações que não ajudam em nada a desfazer erros, pequenos e grandes, que se acumularam durante anos e cresceram de tal maneira que é preciso ter o folgo da Rosa Mota para desfazer e incinerar a montanha de desperdícios que se acumularam ao longo das ultimas décadas.
No meu ponto de vista, o primeiro passo da maratona política que parece estar agora na linha de partida consiste em escolher uma estratégia política capaz de enfrentar com coragem os dois maiores empecilhos à qualidade e competitividade da gestão pública, a saber: a “GORDA” e os PINÓQUIOS.
Muitos leitores estarão decerto na ignorância total, como eu estava até há umas semanas atrás, do significado do primeiro destes epitáfios do “sistema”.
GORDA em gíria popular, é um dito ternurento para uma funcionária mamalhuda, amiga do seu amigo e do chefe, mas “GORDA” entre aspas é outra realidade da política portuguesa.
Soube-o quando no Expresso da Meia Noite da Sic Notícias, um dos apresentadores mostrou:

• numa mão, meia dúzia de folhas com o regulamento da função pública na Suécia.• e na outra, o regulamento da função publica em Portugal, um volume tão volume como 3 listas de telefone das pesadas, a que os funcionários públicos puseram a alcunha da “GORDA”.

Por outro lado, todos se lembram do PINÓQUIO das histórias infantis, o boneco cujo nariz se tornou com o andar dos tempos no barómetro da inverdade pública e privada.
O que é que este par tem a ver com gestão da coisa pública?
A “GORDA” é o labirinto da função pública que distorce imparavelmente a qualidade de vida, tanto dos funcionários como do público em geral.
Esse labirinto obscuro e infindável da burocracite activa que os portugueses são forçados a percorrer, possui obstáculos intransponíveis, e portas e atalhos que só os chefes conhecem, ficando com a faca e o queijo na mão para complicar ou facilitar as relações entre o público e o Estado.
Os PINÓQUIOS exploram estas fraquezas do “sistema” para levarem a água ao seu moinho, sem que ninguém os possa chamar à razão e lhes possa pedir contas, porque os mecanismos de fiscalização ou não existem ou estão avassalados aos “chefes” ou ao “laissez-faire”.
Só assim os PINÓQUIOS, redutores do espaço político, apaixonados por si próprios, sentados à roda duma mesa, conseguem que os espaços vazios ou que consideram mal ocupados, no privado e na administração pública, passem para as mãos dos amigos, ou dos amigos dos amigos, muitos deles feitos a martelo.
Nesta aldeia em que vivemos a tendência para a redução do sistema político é cada dia que passa mais evidente. A organização política parou no tempo e regressámos a uma terra de senhores, vassalos e fregueses cuja ocupação é “tratar” do povo, umas vezes com a ”GORDA”, noutras com os PINÓQUIOS.
Os PINÓQUIOS evoluíram, oh se evoluíram !!!,
Na infância, juntavam-se para resolver problemas do foro comum.
Depois, à medida que o nariz foi crescendo, começaram a pedir ajuda uns aos outros para questões pessoais: ajuda-me aqui, que eu compenso-te ali.
Tão certo como é ver cair a pedra que se atira ao ar, mal houve um conflito de interesses a negociação passou a outro nível: faz-me isto, se me lixas aqui, eu lixo-te acolá.
Começaram sentados à mesma mesa como parceiros a parte inteira, passaram a parceiros de conveniência e acabaram a detestar-se amigavelmente. Agora, quando estão à mesa limitam-se a dividir o “bife”, e nos intervalos passam o tempo a lixarem-se e a lixar o próximo. O único voto por unanimidade passou a ser para o “bife”. Não pode faltar, mas também não pode ser maior que o apetite dos convivas, para evitar que estranhos se sentem à mesa.

Este comportamento deu campo livre à febre do ouro e à miragem do dinheiro fácil, o que como era de esperar só criou um precário melhor-estar no País, esquecidas que foram as reformas estruturais que se impunham para motivar sustentadamente a iniciativa dos portugueses.
O resultado é que apesar de todas as oportunidades que teve, Portugal mantém uma sociedade que não corrige e não inova porque os PINÓQUIOS com a ajuda da “GORDA” não fazem outra coisa que não seja medirem-se aos palmos entre eles e com os portugueses, com a mesma rabulice de há séculos atrás.
Em abono da verdade é difícil não ter que apelidar o “sistema” em vigor, de “neo-feudalismo democrático” ou “feudalismo neo-democrático”, ou ainda para quem prefira “democracia neo-feudalista”.
A resumidíssima conclusão a que chego para que Portugal entre definitivamente no sec. XXI por mérito próprio e não por arrastamento ou favor de terceiros, é que a ”GORDA” tem que emagrecer até ter o peso da saúde sem precisar de ser um bacalhau sueco, para que os PINÓQUIOS fiquem sem a cobertura da”GORDA” para as suas desventuras.

Noto no entanto, que só acredito que isso venha a acontecer se houver co-responsabilidade de todos os partidos políticos na definição dum projecto nacional o que implica haver um inventário do que está bem, menos bem, mal e não existe, para que os portugueses saibam com que contar e que ninguém mexa no dinheiro e nas instituições que servem para manter o que está bem, e que o que sobra sirva para corrigir, construir ou adquirir o que está menos bem, mal ou não existe. Trata-se de:

1º - inventariar,
2º - simplificar, simplificar, simplificar,
- para depois investigar, inovar, investir e fiscalizar (para premiar ou castigar),

em resumo, implantar o necessário programa para clarificar, motivar e rentabilizar a coisa pública e a actividade privada.
Falta como pão para a boca, um regulamento e um organigrama simplificado das funções da administração pública, e outro, tão ou mais importante, das hierarquias, para que os diferentes órgãos da administração tenham o seu terreno próprio e o governo evite a promiscuidade e/ou a “guerra” decorrente de invasão do terreno de terceiros. Não se trata de dificultar mas de balizar e coordenar a actividade política nos diferentes níveis de actuação, e responsabilizar sem margem para dúvidas os partidos políticos sobre as questões da governação.
A este respeito, longe de querer ensinar o Padre Nosso ao vigário, aproveito a triste morte de João Paulo II, para transmitir que aquilo que no meu ponto de vista mais marcou o seu pontificado, foi ele ter requalificado na simplicidade e na verdade muito do que por norma de séculos, era rebuscado, em maior ou menor grau secreto, e alimentava a falta de tolerância, mas fê-lo sem nunca deixar de fazer valer as regras da doutrina, sempre que houve pedidos de alterações “facilitadoras” aos princípios fundamentais que defendia.
Os resultados estão à vista: a aglutinação sem barreiras e pedras no sapato de todo o tipo de raças, credos, estatutos sociais e políticos, na homenagem que lhe prestaram depois da sua morte, porque todos, tanto os que o apoiavam como os que lhe manifestavam a sua oposição, sabiam com que contar.
O novo Papa, Bento XVI, já chamou a atenção para outra preocupação da vida moderna, a ditadura do relativismo, que como todas as outras ditaduras, sejam elas da maioria ou da minoria, não levam a nada, a não ser misturar princípios e conceitos para confundir, acabando por se transformarem na “varinha mágica” das consciências. Nuns casos só vale o que uns poucos ordenam, noutros só valem os desejos ou interesses pessoais de quem manipula a maioria, o que é o mesmo que dizer que nada tem valor universal.
É a porta aberta para o conflito de interesses, a sociedade de cata-ventos que gira segundo os ventos da moda, ou a torre de Babel na qual todos falam mas ninguém se entende, o que me leva a perguntar, como alguém já perguntou: onde é que está o interesse em acreditar no que parece não querer acreditar em nada?
E com esta, por motivos totalmente alheios à minha vontade, despeço-me dos leitores do Sesimbrense. Lamento, porque no que respeita às ”VILLAS” nada mudou, antes pelo contrário, os prejuízos para Sesimbra não param de aumentar.
Não posso portanto deixar de perguntar a quem de direito: e Sesimbra?, e as VILLAS?, e as eleições?


(*) Eng. Electrotécnico do IST

Sesimbra, 29.05.2005

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home