OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS
Marcelo Rebelo de Sousa é um brilhante comentador, muito especialmente em termos de “fundo”. Antes de abordar uma questão analisa-a, “timtim por timtim” – como ele gosta de referir – como ninguém mais o faz, e depois comenta. À sua maneira: umas vezes com o pau outras com a vassoura. Por isso é elogiado por muitos e temido por outros.
Em termos de “forma” é um desastre. A tal ponto que não resisto em transcrever um artigo, que subscrevi no “O Dia”. É um emocional, do tipo sanguíneo, levado à sua maior expressão. O que foi referido por José Augusto Saraiva no “Expresso” em 04/01/04: «O comentário de Marcelo Rebelo de Sousa resulta porque Marcelo, em certa medida, é um comediante. Os seus esgares. Os seus gestos».
Eu acrescento: Em termos populares, por vezes, de um cruel humor negro, a figura de Marcelo confundir-se-ia, com a de uma personagem de circo de tomate vermelho no nariz a contrastar com o azul penetrante dos olhos e da gravata. A propósito, e nesse sentido, eu já lhe sugeri, com a melhor simpatia, que visse, em vídeo, as suas intervenções com o som desligado.
Apesar das diferenças de forma justiça seja feita: temos dois brilhantes comendadores: Sousa Tavares mais objectivo e Rebelo de Sousa mais subjectivo. Os quais, os atentos auditores, todas as semanas, lhes programam os seus televisores com o maior interesse. Porém as diferenças aumentam quando Marcelo se familiariza com os entrevistadores: quase “tu cá- tu lá”... a troca de presentinhos... só faltam os beijinhos de “treinador de bancada”, como é alcunhado pelos empresários do Norte e que está muito na moda entre jogadores de futebol quando metem um golo.
Entretanto Marcelo Rebelo de Sousa delineou uma estratégia arriscada. Diríamos do “tudo ou nada”. Como a de Salazar quando se demitiu... mas depois o foram buscar a casa e ficou... como a de Spínola quando se demitiu... mas depois não o foram buscar a casa e fugiu... do nosso querido país para o estrangeiro.
Como é do conhecimento geral entende-se por estratégia, a ciência-arte usada para se concretizar uma intenção. Intenção essa que sempre tem de vencer oposições. Também se diz que quem está de fora vê mais do que os jogadores que nela se empenham. No xadrez da política esta prática, pela conquista do poder, também quase sempre se aplica. Seja qual for o resultado é curioso reflectir como se mexem as peças no tabuleiro, o que me leva a raciocinar:
A estratégia de Marcelo é voar mais alto. O que tem evidenciado no seu tempo de antena, com sucedeu na TVI e actualmente na RTP – já com inferior audiência – ambos no Domingo, quando se apercebeu da sua espectacular subida nas sondagens, em termos omniscientes do “Senhor Sabe Tudo”.
Candidatar-se a uma futura presidência da república? E por que não? Outros já o fizeram: uns com sucesso, outros sem sucesso, estes últimos para se autopublicitarem e auscultar reacções. Porém, nesta fase Marcelo, diz-se fã de Cavaco.
Entretanto, vai somando pontos estando sempre a repetir que já foi líder do PSD – o garante de votos do partido – mas lá o vai criticando, também, com o objectivo de “ser de todos os portugueses”.
COMENTÁRIO: Pois é, senhor professor Marcelo Rebelo de Sousa, a sua negação de se candidatar à presidência da República, 16/10/04, nada mais é do que uma subtil “fuga para a frente” de “quem desdenha mas quer comprar”. Ironizando, como disse: «ser uma interpretação ridícula de alguns aprendizes de comentadores». As suas justificações são bem diferentes da nobre estratégia de Cavaco-Guterres-Santana, que quando “negam (?!) foi para se assumirem, com dignidade, em tempo. Finalmente veremos senhor professor que disse à Agência Lusa: «ter optado pelo caminho da discrição e não do espectáculo e do aparato» – o que tem feito sempre o contrário – se tem coragem de avançar como quando foi líder do PSD, como demonstrou, quando mergulhou nas águas frias do Tejo.
(*) Coronel de Cavalaria
Actualizado de um artigo publicado no Jornal “O Dia” em 19/11/2004.
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