Perguntas não ofendem
(**) Marco Vinicios
Profecia da desgraça: Com uma constância que a muitos tem surpreendido, mas não a nós, o dr. Constâncio, ilustre governador do Banco de Portugal, tem vindo a aproveitar todas as oportunidades que lhe têm sido proporcionadas, para, em público e alto bom som, dizer o que já não é segredo para a maioria dos portugueses.
Ou seja, que isto está muito mau, porque a economia não ata nem desata e o Estado – o deles, os políticos – é perdulário. Enfim, que o país está de tanga – já Durão o tinha dito antes de ser mandado para Bruxelas. E mais ainda: que é preciso urgentemente apertar o cinto nacional, porque de outro modo a coisa estoira e ficamos todos borrados.
Essa profecia da desgraça que o governador do Banco de Portugal tem estado nos últimos tempos e estranhamente, a pregar, não é, de seguro, uma originalidade. De facto, os mais atentos tem-na escutado com frequência saída da boca dos seus colegas do Banco Mundial e do FMI. Assim como de todos que dão o corpo aos conclaves dos senhores do Mundo, que se acobertam sob mantos secretos de variadas configurações – Bilderberg Group, Trilateral Commission, G8, etc.
Invariavelmente, e como ensina a experiência quotidiana, o artifício tem por costume resultar: a malta, aterrorizada, cede e tudo aceita, na esperança de dias melhores que nunca chegarão.
No caso nacional presente, parece não haver dúvidas. Incapacitado de dar cumprimento às promessas eleitorais, o governo em exercício precisa de um “alibi” justificativo para dar o dito por não dito. E de facto já o tem, por via da acção do governador do Banco de Portugal, que ademais se veste da mesma cor partidária.
A prova mais evidente de que tudo está nos conformes encontramo-la facilmente na reacção do primeiro-ministro ao retrato negro da situação do país que Constâncio foi fazer no Palácio de Belém.
De facto, e como muitos se recordarão, ele, questionado por um jornal sobre esse facto, disse textualmene seguinte: «Estou preparado para tudo. E se não estivesse não me teria candidatado a primeiro-ministro». Querem mais?
A assim sendo e tudo visto e ponderado, só nos resta questionar para, sem ofender, confirmar o que já se sabe. O que fazemos a seguir:
a) Os 150 mil postos de trabalho vão ficar para as calendas?
b) Em quanto vai ser o aumento nos combustíveis e nas portagens?
c) Por quanto mais tempo irá ficar congelado o aumento salarial da função pública?
d) Mais quantas toneladas da “pesada herança” deixada pelo “Botas” vão ser vendidas?
e) Quantos outros bens do Estado serão leiloados?
(*) Coronel de Cavalaria
(**) Jornalista
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