José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Wednesday, July 20, 2005

E ENTRETANTO PORTUGAL CONTINUA A ARDER (I)


(*) Carlos Galvão de Melo

O Diário de notícias de 22 de Dezembro de 2004. acusa o “negócio de 150 milhões envolve nomes do PSD”. «Dias Loureiro e Daniel Sanches têm ligações à empresa escolhida para vender os aviões». Em causa 6 aviões contra incêndio Canadair.
Tal notícia foi e não foi, para mim, uma surpresa: mais uma entre muitas. Desde há mais de vinte anos, bom conhecedor dos problemas obscuros que envolvem os negócios obscuros em Portugal, desde logo enviei ao jornal Diário de Notícias artigo no qual desmascarava tão escandaloso “negócio”, que, decerto modo, encobria traição. Negócio a realizar nas vésperas das eleições que o Partido ia perder; como de facto perdeu. O jornal recusou publicar, pelo que enviei cópias a quem devia, e o “negócio” abortou.
Portugal arde há várias décadas e os responsáveis não são apenas os incendiários: muito responsáveis são também, antes de todos, aqueles que perante uma oportunidade – única – se opuseram a que Portugal recebesse aviões Canadair, então os melhores do Mundo, que equipavam todas as Nações da Europa, e sem gastar uma divisa.
Na década de 80, sendo Primeiro Ministro Cavaco Silva e Dias Loureiro Ministro da Administração Interna, eram representantes da Canadair em Portugal um amigo meu Engº Soares Ribeiro e eu próprio.
Durante anos, escrevendo artigos, dando entrevistas, contactando de viva voz ministros e outras entidades expusemos, com larga cópia de argumentos, o quanto era urgente Portugal adquirir uma frota aérea contra incêndios e bem assim a vantagem indiscutível de se eleger o Canadair.
Como argumentos decisivos: foi feita demonstração real de um avião que propositadamente se deslocou a Portugal e finalmente a firme recomendação de um grupo “ad hoc” nomeado pelo governo de então.
Em exclusivo para Portugal:
– A União Europeia contribuía, a fundo perdido, com 50% dos custos de aquisição;
– A União Europeia contribuía, a fundo perdido, com 50% dos gastos operacionais até 1996;
– O Canada aceitava receber os restantes 50%, da compra, pago com exportações.
Não se gastava uma divisa.
Cada avião custava menos de 400.000 contos, isto é 2.000.000,00 de Euros, os quais subtraídos os 50% resultava de valor real 1.000.000, de Euros. Seis aviões, novos, custavam 6.000.000,00; bastante menos de que 150.000.000,00, para comprar aviões, certamente usados, porquanto há cerca de 20 anos que não mais se construíram.
Pois é verdade é que tantas vantagens não lograram convencer os então governantes que se escusavam a coberto de raciocínios tão brilhantes e inteligentes como os que eu aqui deixo para exemplo: «e que fazemos com os aviões quando não há fogos?», ou então, “se não fosse o Gen. Galvão de Melo a vende-los era mais fácil compra-los»,
Perante tanta mediocridade, para não dizer pior, ao fim de anos de lutas inglórias e muito caras, demiti-me da representação.
Fiz extenso relatório que enviei ao Canada, e do qual entreguei cópias ao Primeiro Ministro e Ministro de Administração Interna. Cavaco, o Ministro infalível que nunca se engana e raramente tem dúvidas, agradeceu em carta de duas linhas assinada pela secretária.
Prerrogativa de quem se julga aquilo que não é: homem superior! Dias Loureiro ficou mudo.
Nada fizeram, deixando perder uma oportunidade única somente oferecida a Portugal. Atitude que revelou, na melhor das hipóteses, incompreensível incompetência ao serviço de Portugal, pelo que são gravemente responsáveis pela impreparação dos portugueses na defesa contra os incêndios que vêm sistematicamente, ano após ano, destruindo o território do Minho ao Algarve.
E mais grave é o facto, indesmentível, de que quem se tinha oposto a adquirir seis aviões por seis milhões, agora se propunha, vender ao nosso Governo, seis aviões por 150 milhões!
Isto é Servir ou servir-se?
Portugal está a arder e assim vai continuar enquanto se praticar a estupidez de alugar, tarde e por preços incomportáveis, aeronaves impróprias pilotadas por mercenários, quando a solução, única, que já todos os países há muito adoptaram, é adquirir uma frota de poderosas aeronaves, servidas por tripulações nacionais, de preferência militares, bem organizados e muito treinados: permanentemente treinados.
O avião não dispensa o bombeiro em terra. Mas ao contrário de certas opiniões que afirmam «o avião não apaga fogos» o que é errado, pois é ignorância ou propósito obscuro.
De facto perante a impenetrabilidade actual das florestas, só o avião em alerta, pode em minutos apagar o fogo enquanto é pequena fogueira.
A França, que dispõe da melhor organização conta incêndios, tem apagado milhares de fogos só com um ataque de avião executado no primeiro quarto de hora.
Este problema dos incêndios é tão escandaloso e já se arrasta há tantos anos que só um aceso e longo debate televisivo poderá esclarecer a Nação: como é obrigação de quem manda e direito de quem sofre os prejuízos.
(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior do Exército.

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