EMIGRAÇÃO DOS PORTUGUESES (XVI)
(*) José Pegado
Acabamos inevitavelmente por constatar que todos eles se encontram mais velhos e mais cansados.
Foi então que confortavelmente sentado na minha cadeira preferida, agora já no Alentejo continuei a recordar, por ordem cronológica, em termos da nossa intraduzível palavra saudade, o passado de:
– UM EMIGRANTE LUSO-SUECO
Com a chegada do ano 1978, e com o aproximar dos meus 50 surgiram pensamentos e ideias que se dizem ocorrer nestas idades… o síndrome dos anos 50.
Levantam-se perguntas e respostas do tipo:
Estás satisfeito com a tua presente situação nas áreas profissional, particular e familiar ou não será esta a altura de travar e tomar novo rumo.
Qual? Com que consequências?
As respostas não eram difíceis de formular:
A minha posição na empresa em Finspang era estável interessante mas não havia grandes hipóteses de alcançar níveis mais elevados dado que sempre haveria candidatos, Suecos de gema e com qualificações iguais ou superiores às minhas.
A hipótese que restava seria eliminar toda e qualquer concorrência escolhendo um objectivo no qual ninguém mais me pudesse igualar e foi assim que acabei executando um estudo sobre o desenvolvimento dos mercados internacionais.
O projecto de desenvolvimento por mim apresentado despertou muita atenção e não foi difícil convencer a Stal-Laval da minha proposta.
Foi assim que em Janeiro de 1980, depois de vendermos a moradia em Finspang, eu, a minha mulher Elly e o meu filho Martin, na altura com 12 anos, deixamos a Suecia e mudamo-nos para Portugal.
Os mais velhos ficaram na Suecia: Ingeborg, na altura com 25 anos, independente e totalmente afastada dos nossos padrões de vida; Erik, com 22 anos, já tinha feito o serviço militar e estava empregado como engenheiro numa das indústrias em Finspang; Johan, com 20 anos, estava a terminar o seu serviço militar e tinha lugar assegurado na empresa KL de quadros e instalações eléctricas onde antes trabalhava.
Na Primavera de 1983 resolveu a empresa na Suecia terminar a Missão Ibérica e deram-me ordem de regresso à Suecia para logo depois seguir viagem para dirigir o escritório de Jacarta na Indonésia.
A proposta não me agradou, poderia ter consequências desagradáveis: pelo menos para o Martin que nessa altura já estava no nono ano da AIS-L e de resto o trabalho iniciado em Portugal e Espanha estava a dar bons resultados e não devia ser interrompido.
Recusei o convite e como tal fui de imediato chamado à sede em Finspang para esclarecimento da minha negativa do que resultou a minha inesperada saída dos quadros da empresa passando então a colaborar em regime de consultadoria durante mais dois anos.
Foi assim que eu depois de 29 anos (não contando o ano que estive na Mague) me vi pela primeira vez a braços com uma situação de desempregado.
Os anos como engenheiro consultor foram financeiramente muito interessantes e de tal modo que eu em Setembro de 1988 com a idade de 60 anos resolvi optar por uma reforma antecipada e cuidar de mim, da família e da casa que tínhamos construído na Areia em 1984, junto da Praia do Guincho, a uns poucos quilómetros ao Norte de Cascais.
Dez anos mais tarde, em fins de 1988 vendemos essa casa e pensávamos um regresso à Suécia.
Os planos acabaram totalmente invertidos e o que fizemos foi comprar um terreno no Alentejo, a uns 6 km ao Sul da Vila do Cercal e aí construir uma nova moradia.
Hoje, 2008, passados 54 anos desde a minha chegada aquelas terras podemos constatar a existência de um legado Oliveira Pegado na Suecia de 4 filhos e nove netos e mais poderão surgir.
Entretanto, na medida que os dias iam passando, estivemos junto com os amigos dos velhos tempos de Portugal.
(*) Engenheiro Electromecânico formado no IST, em Lisboa; e na Universidade de KYH em Estocolmo. Hoje tem dupla nacionalidade: é um Luso –Suéco.
NOTA 1: SENADO NEWS achou por bem desmistificar a ideia corrente, de alguns anos atrás, que os emigrantes portugueses, como regra chegavam lá de “mala de cartão”, eram uma fonte de invisíveis para Portugal e regressavam, por força da saudade, construindo nas suas raízes uma casa onde acabavam os seus dias.
Actualmente, pelo trabalho, formação profissional e suas descendências, adquirem estatos privilegiados de não retorno conforme o que temos vindo a publicar nesta série de 18 artigos.
EDITORIAL
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