ANGOLA (II), termina:
Mas a partir da segunda Grande Guerra (Sobretudo desde 1942) foi quase exclusivamente Angola que sustentou a nossa economia: Começámos pelo Sisal, vendido aos USA para a rama-explosiva dos canhões navais, depois o Café, com seu tremendo desenvolvimento, a seguir as Madeiras, a farinha de Peixe, o Algodão, o Ferro para o Japão, os Mármores para Itália, uma diversidade de Minérios para toda a parte, etc, etc.
E ainda o Ouro pago pela África do Sul à Diamang.
Porém foram sobretudo o Petróleo e os Diamantes que pagaram as 3 Guerras Coloniais, além da “expressiva remessa de Moeda Forte” que, enviada para Portugal até 1975, parece ainda ter durado pelos anos 80, já com as colónias desde há muito independentes.
A “Receita em Divisas” de Angola, nos anos 70, terá talvez sido décupla da que a Metrópole conseguia por si própria, mesmo incluindo os vinhos, em barril e tanque, e os tecidos de algodão, que afinal também para Angola, e para as outras colónias, eram exportados.
“Divisas” essas imediatamente expedidas para Lisboa, enquanto se pagava aos locais (europeus ou africanos) em “angolares”, e mais tarde em “escudos-angolanos”, ambos inconvertíveis.
E assim foi Portugal considerado o Milagre Económico Europeu de 1973!
A DIFICIL OPÇÃO
– II –
Estamos em Março de 2006 e acabámos de eleger um novo Presidente da República.
Há um ano atrás tínhamos feito a escolha de um Governo Socialista, que até agora tem desempenhado com razoável eficácia o seu “possível” exercício.
Assim do ponto de vista propriamente “Politico”, Presidente e Primeiro Ministro, ambos são “democratas”.
Quanto à sua feição “Politico-Económica”, teremos que o Presidente será “Liberal”, enquanto que o 1º Ministro é “Socialista”. Perdoe-se-me se estou enganado!
E é no “superior entendimento” entre os dois, que depositamos toda a nossa “esperança”, pois que a crise, em que acabámos por cair no inicio do milénio, apesar da imensa ajuda da U.E., parece ter atingido agora profundidades abissais e, na perspectiva de abrandamento do feed-back europeu, só com muito esforço e imaginação conseguiremos alguma vez sair do fundo do poço.
Perdemos as últimas Posições Ultramarinas há 30 anos, e só agora se começa a compreender que Portugal não era “viável” sem elas!
Sabemos que foi “o Mundo” que nos obrigou a abandoná-las.
Mas poderíamos de lá ter saído de melhor maneira! Ou até mesmo lá ter, em grande parte, permanecido.
O mal não foram as Independências, (que teriam que acontecer.)
O mal foi o abandono! (Que não podia ter acontecido!)
E todo o Angolano esclarecido nos acusa agora exactamente disso.
De qualquer modo também sabemos que, na época presente, era impossível continuar, ao nosso antigo “jeito”, pois que agora só as super-potências podem ter, ou fazer, colónias, e isso em moldes completamente diferentes.
Mas então há que procurar outras soluções, pois parece que a União Europeia, indispensável para salvaguarda da Europa, e até para que os europeus voltem a ter as suas tradicionais força e dignidade, não será afinal “panaceia para todos os males”.
Parece-nos por isso que não irá resolver, em especificidade e pormenor, os problemas íntimos e as carências endógenas de países pequenos e pobres como Portugal.
Assim, perante o dramático panorama, de desemprego, pobreza, inflação e até (Talvez e paradoxalmente) deflação, com que presentemente nos debatemos, sabendo que será extremamente difícil instalar novas Industrias, com técnicas penosas de aprender, ou uma nova Agricultura, moderna e sofisticada, financeiramente incomportável, ou ainda Serviços de Luxo ( Turísticos, de Saúde, ou outros ), que poderão ajudar, mas que não resolverão o nosso “Mal”, quase começamos a sentirmo-nos outra vez perante A DIFICIL OPÇÃO de seis séculos atrás:
Mas NÓS não queremos!
Talvez em parte, e de há longa data, por uma certa influência estrangeira, “nós”, que até possivelmente conseguiríamos resolver os nossos problemas com uma Solução Confederada…
Mas então resta a outra Alternativa: Outra vez o ULTRAMAR, outra vez a ÁFRICA! E, na melhor das hipóteses, outra vez ANGOLA!
Claro que não pensamos em colonizar Angola, agora um Estado de Direito e muito maior e mais rico que o nosso.
No que pensamos é numa Cooperação Ampliada, Cultural e Económica, que, se feita nos moldes convenientes, os Angolanos aceitarão e que seria, para todos, da maior conveniência.
Como o desenvolvimento cultural e até industrial e agrícola de Angola ainda será, por muitos anos, processado em língua portuguesa, é evidente que haverá sempre a maior necessidade de professores, engenheiros e outros técnicos; Médicos, veterinários, agrónomos, ...etc., ...etc.
Serão precisos também manuais didácticos em português, literatura cultural e ligeira, toda uma diversidade de material tipográfico, e até cartográfico… E muito, muito mais!
Em contrapartida poderíamos nós tomar posições preferenciais relativas a muitas das produções de Angola, que colocaríamos por toda a União Europeia, ou poderíamos reexportar, em muitos casos com “draubaque”, para quaisquer outros mercados.
Porque não voltar a desenvolver a nossa Medicina Tropical, que chegou a ter vulto de relevo internacional nos anos 50 e 60? Porquê não construir um Hospital Universitário Português em Luanda?
E um Instituto Superior de Agricultura Tropical? Para Angolanos e Portugueses, claro.
Isso sim, seria real e genuína Cooperação.
Porque não propor a Angola um “Regime de Concessões Agrícolas” (De 30 ou 40 anos, por exemplo), que empregariam milhares de Angolanos, e que depois lhes seriam entregues em definitivo.
A 120 Kms de Luanda, a partir do Úcua, começa uma região de floresta e café, a das antigas plantações dos Dembos, com cerca de 2.500 Kms 2, que constituem um “mundo maravilhoso”, praticamente abandonado!
Lá trabalhámos por mais de 20 anos, até 1975.
Em Julho e Agosto do ano passado percorremos grande parte da área, e verificámos que, das 40 a 50 fazendas que ali laboraram, pelo menos metade ainda está perfeitamente recuperável.
Para se começar, julgamos este um estupendo projecto para os nossos estudantes de agricultura e silvicultura! (e até talvez as Organizações Internacionais nos ajudassem.)
Simplesmente tudo isto teria que ser negociado com um máximo de inteligência, honestidade e respeito, de parte a parte.
E o Processo levado ao ponto de Grandes Empresas Nacionais dos dois Países.
Há concerteza um “aspecto” de que podemos estar completamente seguros:
Os Angolanos gostam de Nós, preferem-nos a Nós. E Nós continuamos a gostar (a compreender como ninguém ) os Angolanos.
Mas tal “aspecto” tem que passar do “abstracto”, tem que ser “concretizado”!
E para terminar, tudo o que espero é que este apontamento chame a atenção de alguém com mais capacidade, menos idade, e em melhor posição do que eu, para estudar e, se lhe encontrar algum mérito, desenvolver e activar um tal Projecto.
(*) José António de Sá Carneiro – Natural de Lisboa, 1927 – Nacionalidades Portuguesa e Angolana – Despachante oficial da Alfândega de Luanda de 1952 a 1975 – E das Alfândegas Portuguesas desde 1980 – Diplomado em Serv. Marketing Management pelo SAMA de JHB – Licenciado em História pela Universidade Aberta de Lisboa.
NOTA: SENADO NEWS acaba de publicar esta síntese histórica datada de 2006 pelo seu elevado grau de oportunidade relevado pela visita do Presidente de Angola a Portugal e seu recíproco convite ao Presidente da República de Portugal a Angola.
EDITORIAL
Temas e Debates
– Mendonça Júnior, e-mail: mendoncajunior24@gmail.com
– Senado News, site: http://senadonews.blogspot.com/ e-mail: senadonews@gmail.com
– União Ibérica, site: http://uniaoiberica.blogspot.com/ e-mail: uniaoiberica.federacao@gmail.com
– Liga da Amizade Luso Espanhola-LALE, site: http://ligaamizadelusoespanhola.blogspot.com/ e-mail: lale.amizade@gmail.com
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home