EMIGRAÇÃO DOS PORTUGUESES (XIII)

(*) José Pegado
Vou dedicar umas linhas contando, por ordem cronológica, como aqui chegamos e como ocupamos o nosso tempo.
Confortavelmente sentado na minha cadeira preferida continuei a recordar cronologicamente as minhas reflexões citadas no artigos anteriores em termos da nossa intraduzível palavra SAUDADE, o passado de:
UM EMIGRANTE LUSO-SUECO
Uns dias mais tarde, a 3 ou 4 de Janeiro fui levado de carro até Finspang pelo meu amigo e protector, Sigurd S. Sigland pastor da Igreja Protestante, com quem eu tinha convivido durante a permanência desde Lisboa, enquanto responsável pela Igreja dos Marinheiros Escandinavos entre o Outono de 1952 e a Primavera de 1953.
Pagando 80 Coroas pelo quarto e 100 Coroas em alimentação sobravam-me ainda 80 Coroas para as viagens de fim de semana na automotora para ida a Noorkoping e volta.
Ao fim de 3 meses com o relatório do trabalho de fim de curso já acabado e enviado a Lisboa e também ao chefe do departamento onde estava colocado, fui um dia convidado a almoçar na Messe dos Directores pois alguns destes teriam lido o meu relatório e ficado bastante interessados em se encontrar com o autor de tanta análise e discussão matemática.
Devo aqui acrescentar que o trabalho foi feito em duas partes em que a primeira era em si interessante pela sua natureza técnica aplicada mas perfeitamente normal dentro dos padrões Suecos.
Mas o que impressionou toda a gente foi a segunda, aquela em que apresentei uma discussão matemática dos resultados dos ensaios.
Uma coisa que vim mais tarde a descobrir estava completamente fora do alcance dos meus colegas Suecos uma vez que um engenheiro Sueco durante a sua formação universitária de 4 anos não se ocupa nem se preocupa com matérias teóricas em Física, Química ou Matemática além do nível necessário para as exigências de produção fabril.
Claro está que um recém formado em Engenharia Mecânica, com 6 anos de IST nos anos 50, aos olhos dos Suecos facilmente se poderia confundir com um doutoramento em Matemáticas.
O resultado desse almoço-inspecção organizado pelos inspectores foi eu ser convidado a entrar nos quadros da empresa e como ficaram a saber que eu falava e/ou tinha facilidade em línguas tais com Português, Espanhol, Francês, Inglês bem com algum Dinamarquês e Sueco fui colocado em Projectos e Vendas.
Graças à minha super excelente preparação teórica e à generosa ajuda dos meus colegas consegui em muito curto tempo, quer dizer em meia dúzia de anos, atingir uma posição de relevo e de alta responsabilidade na empresa.
Com a entrada nos quadros da empresa triplicou o meu rendimento de tal modo que um pouco mais de um ano após o meu desembarque em Norrkoping era evidente que havia um futuro risonho pela minha frente o que também serviria de forte argumento para que a ELLY desistisse da sua formação como enfermeira para se dedicar a uma carreira de esposa, dona de casa e mãe de família.
Foi um casamento celebrado pelo pastor Sigland numa pequena igreja cujo início de construção data do século XII e como muitos outros edifícios do género, pelo mundo inteiro, só se finalizam umas centenas de anos mais tarde.
(*) Engenheiro Electromecânico formado no IST, em Lisboa; e na Universidade de KYH em Estocolmo.
EDITORIAL
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