José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

Pesquisá pelo google.pt ou pelo sapo.pt

Sunday, April 16, 2006

ESTE ADMIRÁVEL MUNDO NOSSO (V)


*) Belmiro Vieira

«Ver e pensar para acreditar»
O petróleo ou “crude” como lhe chamam os “british” e os “yanques”, pode ser um bem ou um mal: tudo depende de quem o tem e em que quantidade e igualmente do posicionamento que assume no sinistro jogo dos interesses internacionais.

Assim, por exemplo, se é pertença de alguém que é reconhecidamente alguém, então é um bem; mas se, ao contrário, quem o tem é um pobre diabo, por certo que está irremediavelmente “lixado”, sobretudo se dispuser dele em quantidade apreciável. Há ainda um outro exemplo: é o ser-se dono de umas migalhas de “crude”, que mal dão para alimentar uma lamparina doméstica, já que, neste caso, ele poderá dormir tranquilo toda a vida.

Para melhor entender essa regra ou jogo, o que importa, e sem dúvida, é considerar exemplos mais práticos retirados do dia-a-dia internacional. Ei-los, precisamente os mais flagrantes e eloquentes:

1 – Os Estados Unidos foram, durante largo tempo, uma das super-potências petrolíferas mas jamais essa condição lhes gerou problemas, já que também foram e são senhores de outros instrumentos significativos de poder convincente.
A Rússia também foi e é ainda um grande senhor do petróleo, mas como foi e é também uma super-potência em termos militares, jamais alguém a incomodou, a não ser um tresloucado Adolfo, que, como se sabe, pagou caro, quando no início da década de quarenta, tentou cheirar o petróleo do Cáucaso.

2 – De modo inverso, países como o Iraque, o Irão, a Nigéria, Angola, a Líbia, e a Venezuela, que têm crude para dar e vender, têm sido confrontados, no decorrer dos últimos anos, com ameaças de todo o tipo: bloqueios e sanções: conflitos armados internos, orquestrados e bem geridos de fora; e saiba-se lá o que mais. Tudo porque tiveram um dia a veleidade de querer pôr e dispor naquilo que, por direito natural, lhes pertence.

3 – Há ainda o caso de outros países, senhores de grandes reservas petrolíferas, mas que nem por isso têm sofrido incómodos. E porquê? Simplesmente porque se deixaram absorver, e envolvidos que foram nas regras do jogo.

Portugal, como quase todos os países da Europa, não está presentemente sujeito às regras desse jogo, uma vez que cá dentro do rectângulo, o “ouro negro” que existe vem de fora e conhecemo-lo todos apenas através dessas pequenas mas engenhosas bombas que, espalhadas por todo o lado, nos sugam diariamente as algibeiras até ao tutano.

Dizemos presentemente, porque, num passado recente, o “crude” nos causou sérias dores de cabeça. Não aqui, como é óbvio, mas em Angola, onde nos encontrávamos. Com efeito, não subsistem dúvidas de que a guerra que Portugal teve de enfrentar ali a partir do início da década de sessenta foi orquestrada na mira do petróleo que tinha sido descoberto poucos anos antes.

Do mesmo modo que foi o “crude” que alimentou os conflitos armados ocorridos pouco tempo depois em Timor e de certa maneira explica o seu singular estatuto no presente: um país com a independência vigiada de fora.

Para lá dos exemplos antes referidos, todos eles conhecidos e bem eloquentes, temos neste momento o de São Tomé e Príncipe, tal como Angola e Timor, país com quem estamos irmanados por via de uma convivência multissecular. O qual tornado independente à cerca de três décadas, jamais conheceu em todo esse longo período, perturbações internas de qualquer tipo. E isso seguramente porque a parcimónia dos recursos naturais de que dispunha funcionou sempre como um permanente convite à tranquilidade.

Recentemente, porém, o “crude” emergiu da liquidez oceânica que envolve o arquipélago. E, ao que tudo parece indiciar, com uma pujança fora do comum, E por isso mesmo pôs logo São Tomé nas bocas do Mundo.

Depois disso o previsível não havia de tardar. E de facto não houve equívocos: chegou mesmo. Primeiro sob a forma de um golpe militar, que, em termos práticos, funcionou como um inequívoco pré-aviso; e a seguir configurado em autênticos “golpes palacianos”, por via dos quais têm sido afastados elementos do governo que, ao que tudo faz supor se propunham defender interesses que não eram bem os nacionais.

Depois disso, a tranquilidade retornou, mas receia-se que seja sol de pouca dura: é que os sinais de ingerência externa estão a ser cada vez mais visíveis, como certamente terão intuído os que, diariamente, seguem com atenção redobrada as notícias que de lá nos são trazidas através da RTP-ÁFRICA.

O futuro dirá se esse nosso prognóstico está certo ou errado.

(*) Jornalista

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home