DESTRUIÇÃO SISTEMÁTICA DE PORTUGAL
(*) Carlos Galvão de Melo
PORTUGAL
ATACADO
EM
TRÊS
FRENTES:
– TERRITÓRIO: florestas, culturas e povoações estão a ser devoradas por incêndios gigantescos que na sua marcha triunfante, incontrolável já consumiram vidas humanas.
– SEGURANÇA NACIONAL: a inconsciente ou conscientemente criminosa decisão de liquidar a Base Aérea da OTA, Unidade Escola onde são preparados os milhares especialistas que vão integrar a base operacional da Força Aérea.
– ECONOMIA: a decisão de construir novo Aeroporto Internacional não necessário e mal situado; bem assim a substituição de algumas ligações ferroviárias actuais por comboios de altíssima velocidade: inúteis em território onde a máxima distância é de 800km.
São estes alguns dos crimes que caracterizam o trágico panorama actual e próximo futuro que trás muito preocupados e indignados os portugueses, mas parece ser coisa de somenos importância para o Primeiro-ministro, pois que, tranquilo e feliz, achou este ambiente o momento perfeitamente oportuno para levar a família a férias no Kenya.
O mesmo acontecendo com o Presidente da República que, estando do antecedente em férias, apenas as interrompeu por algumas horas para condecorar, não faço ideia a que propósito, um chefe de banda musical ligeira que se permitiu apresentar-se perante o presidente de chapéu na cabeça, assim se mantendo durante a cerimónia de imposição da medalha, pois era maior a sua preocupação de garantir a imagem publicitária que assumir atitude de respeito perante o mais alto representante da Soberania Nacional: respeito que o Dr. Jorge Sampaio não achou necessário impor.
Esta “gaffe” foi a única justificação para interromper férias: fogos, Base Aérea, Caminhos de Ferro, bombeiros mortos ao serviço de Portugal, nada mereceu uma atitude, uma palavra, uma ideia , uma decisão!
Perante o desconcerto que vem aniquilando o País, embora sem grande convicção, escrevi ao Presidente da República uma pequena carta, em 9 de Agosto do corrente ano, manifestando certa esperança na sua intervenção, carta a que juntei cópias dos vários artigos expostos na Internet.
Foi tempo e prosa perdidos : o tempo passou e nada da parte do Presidente: nem um cartãozinho de agradecimento como era hábito do ditador Salazar!
Porque a minha lealdade e obrigações são, antes de tudo, para com a Nação e, só depois, para com o Presidente, entendi dever dar a conhecer a minha diligência: aqui vai a carta, precedida dos comentários acima e outros que acrescentarei no fim.
A Sua Excelência
O Presidente da República
Dr. Jorge Sampaio
Senhor
Perdoe Senhor Presidente o atrevimento de me dirigir directamente a V. Exa. mas depois de vinte e cinco anos de tentativas infrutíferas no sentido de se criar em Portugal uma organização séria e eficaz contra incêndios , só me resta, a mim e provavelmente a todos os portugueses, uma esperança: a intervenção directa do Presidente da República.
Na origem dos incêndios, umas vezes estão criminosos, outras vezes causas naturais.
Porém, na manutenção, multiplicação e propagação destes incêndios estão interesses humanos que deles vivem e actuam em plena liberdade e segurança que a irresponsabilidade e a inércia de certos políticos lhes tem garantido: inércia e irresponsabilidade mas não só.
Julgo que V. Exa. Senhor Presidente ficará elucidado com a leitura dos artigos publicados na Internet.
Aproveito para juntar o comentário, que me parece justo e pertinente, acerca da incompreensível ideia de destruir uma Base Aérea em pleno funcionamento para no mesmo local edificar um Aeroporto civil não necessário e mal situado.
Se V. Exa. o entender útil estou às ordens para acrescentar informação ou prestar esclarecimentos sobre o que consta nos artigos.
Respeitosos cumprimentos
Passados mais de trinta anos de inércia, incompetência e corrupção aí está a solução: chapéu na mão a mendigar a caridade da Europa. Sempre generosos, a Espanha, a França, a Itália e a Alemanha desde logo prometeram acudir enviando aviões – provavelmente aqueles aviões que os sucessivos governos de Portugal têm recusado adquirir.
Sem menosprezar a generosidade e prontidão destas Nações amigas, não podemos esquecer que a virtude do avião contra incêndios, está, entre outros, nos seguintes factores:
– Capacidade de transporte, facilidade e rapidez de reabastecimento;
– Tripulações bem familiarizadas com as áreas onde poderão ser chamadas a actuar, o que só se consegue com treino adequado fora da época dos incêndios o que evidentemente exclui tripulações estrangeiras chegadas à última hora ou como tem sido prática, chegados depois da última hora.
– Prontidão que permita actuar enquanto o incêndio é pequena fogueira, o que não se coaduna com alugueres tardios: pois que quando o fogo atinge as dimensões que vem atingido em Portugal nenhum avião ou outro meio humano consegue vencer as chamas: elas extinguem-se por si quando já nada há para arder: o que parece ser objectivo dos nossos políticos: esperar que Portugal arda completamente.
Mau grado a boa vontade das Nações amigas os Srs. do governo têm de convencer-se que a tragédia destes incêndios têm de ser resolvidas de dentro para fora, adoptando soluções definitivas, permanente, eficiente, e não de fora para dentro com arranjos pontuais, tardios, incompletos, caríssimos, que pouco ou nada podem fazer.
A lealdade para com a Nação, como já disse e repito, sobrepõe-se a qualquer amizade ou respeito devido a quem quer que seja, pelo que me permito um conselho final:
«se V. Exa. Senhor Presidente da República, bem assim o Primeiro-ministro e restantes membros do Governo não compreendem o que desde há muitos anos, exaustivamente, venho expondo, acerca do flagelo DA DESTRUIÇÃO SISTEMÁTICA DE PORTUGAL só têm uma saída: demitam-se».
(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior do Exército.
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