COMENTÁRIOS DE UM CIDADÃO LUSO-SUECO
(*) José Pegado, escreve a (**) Mendonça Júnior
Acabo de receber uma interessante carta de um Grande Amigo de Juventude que emigrou para a Suécia em 1954 e frequenta com assiduidade o nosso querido país para matar saudades. Reproduzo um extracto da sua mensagem, que considero muito oportuna, e que sintetiza, em poucas palavras, o que pensa sobre a idiossincrasia, da generalidade dos portugueses, em termos do “conjunto das disposições fisiológicas de cada indivíduo e o seu reflexo subjectivo que dá às suas empresas ou associações”.
Assim rezam os seus comentários:
«Organização poderá ser considerada como um derivado de alguns conceitos anteriores em que o Organizador usando conhecimentos adquiridos através de análise do Trabalho e da Produção, alcança resultados graças às suas qualidades de abstracção, iniciativa e chefia. Os Portugueses, que em tempos passados foram capazes de organizar e realizar projectos complexos e de tão grande envergadura que muitos analistas as comparam às façanhas realizadas na era espacial por russos e americanos, parecem hoje incapazes de idealizar e realizar projectos de real significado e exceptuando um ou outro brilhante individual em áreas científica, empresarial ou desportiva.
Temos falhas graves na nossa sociedade:
– Falta-nos a coragem para diagnosticar e falar do problema fundamental da sociedade Portuguesa.
– Falta-nos a capacidade para definir e realizar projectos base para a escolaridade e para a educação profissional. Temos doutores a mais. Falta-nos os executivos profissionais e falta cabeça.
– Falta-nos a capacidade associativa necessária para definir a Escolaridade como Objectivo Nacional.
– Falta-nos a capacidade associativa necessária para retirar poderes a quem abusa deles e nada faz.
As liberdades alcançadas passados que são 30 anos continuam a produzir desinformação e grande parte da população operária não consegue entender que as razões que um dia levaram empresas estrangeiras, a estabelecer unidades de produção em Portugal, são exactamente as mesmas que hoje levam essas empresas a mudarem-se para países do Leste, para o Sudeste Asiático ou para a China. Tais empresas enquanto cá estiveram 20 ou 30 anos pagaram salários e os empregados descontaram para a Segurança Social.
Pergunta-se: qual a razão do alarido e da gritaria histérica junto aos portões das fábricas fechadas e em vias de mudança?
– Será que o emprego se tornou um direito adquirido?
– Será que um empresário terá que manter postos de trabalho independentemente das flutuações do mercado e/ou da baixa produtividade?
– Será que a empresa é um moto contínuo e que o empresário não tem opção para um dia dizer basta, estou farto, quero ir pescar?
Onde se encontram acumulados os descontos feitos para o Fundo do Desemprego?
A economia Portuguesa está de tanga e toda a Europa sabe disso. Por cá o Governo parece saber resolver problemas de défice orçamental do Estado levantando os impostos e reduzindo as pensões e quando o Ministro das Finanças não alinha em propagandas eleitorais em que prometem um novo aeroporto e comboio de alta velocidade, então a solução governamental é simples, corre-se com o ministro e arranja-se outro.
Continuo sem saber quem na realidade está a pagar as contas da construção de 10 estádios de futebol em 2004.
Estou a tornar-me resmungão e queixoso e o melhor deverá ser abandonar o tema Portugueses e procurar desenvolver o meu discurso noutras áreas em que os méritos e as culpas me possam ser directamente atribuídas».
(*) Engenheiro Electromecânico formado no IST, em Lisboa; e na Universidade de KTH em Estocolmo.
(**) Coronel de Cavalaria
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