José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Tuesday, August 09, 2005

CRIME OU TRAIÇÃO


(*) Carlos Galvão de Melo

Custa acreditar mas é verdade, até que ponto chega o atrevimento de políticos sem cultura, sem educação, sem patriotismo!

Há meses que se discute a edificação do futuro aeroporto internacional na OTA, nos terrenos há mais de meio século ocupados pela Base Aérea Nº. 2. Incluidos aqueles muitos que se têm manifestado, e bem, contra tão descabida decisão, só os tenho ouvido condenar a obra sob o ponto de vista económico. A dificuldade económica é sem dúvida muito importante, mas mais importante é o facto, indesmentível, de como tal decisão se põe em risco a segurança nacional.

A Base Aérea da OTA é uma unidade chave dentro da organização da Força Aérea. É ai que têm sido produzidos os milhares de especialistas que formam a plataforma operacional da Força Aérea. Tem custado muito dinheiro, muito trabalho e muito sacrifício faze-la chegar à eficiência que hoje lhe é conhecida. São hangares, são oficinas , são salas de aula, são aquartelamentos, são casas de família, são messes, são campos de treino militar e campos de treino desportivo. É uma obra que não se fez num dia, nem num ano, mas em muitos e continuados anos e gerações.

Para onde se vai transferir este mundo complexo de alta tecnicidade? Aposto que não pensaram em tal.
Nem podiam ter pensado porque não é possível pensar no que não se conhece. Mas é evidente que a Base terá de ser transferida: para onde? Quanto tempo, vai ser precisa para efectuar a mudança? E quanto tempo, quantos anos, para novamente atingir o grau de eficiência indispensável ao bom funcionamento da Força Aérea?

Entretanto golpe no seu funcionamento vai ser muito negativo e paralisante durante largo tempo: tempo em que a segurança de Portugal resulta fatalmente fragilizada. E já agora não se esqueçam de somar os gastos astronómicos que essa transferência no campo militar vai custar, aos gastos da construção do aeroporto civil.

Veja-se o absurdo: um Primeiro Ministro e um Ministro das Finanças, dois homens que por definição ignoram completamente as exigências militares e as exigências da aeronáutica civil internacional, decidem, sozinhos, em tão importante como vital problema para a Nação!

A vossa atitude faz-me recordar certo advogado que, duas horas depois de tomar posse como Ministro da Defesa Nacional, apareceu na televisão a alardear as reformas que se propunha levar a cabo nas organizações militares de terra mar e ar. E logo de seguida não soube responder a uma só das seis perguntas, de carácter militar, postas pela entrevistadora (uma originalidade da nossa democracia tem sido nomear para Ministros da Defesa Nacional exclusivamente advogados!) felizmente esse advogado permaneceu no lugar tão pouco tempo que não teve tempo de estragar o que bem feito estava.

Ele, como os Srs. Ministros agora, cometeu o mesmo erro, a mesma indelicadeza de não consultar os que sabem: no caso presente o Chefe do Estado Maior Geral das Forças Armadas e o Chefe do Estado Maior da Força Aérea. E no caso que de momento nos preocupa também as entidades superiores da aeronáutica civil. Não o fazer é exibir extrema arrogância nascida da extrema ignorância.

Ao destruírem uma importante Base Aérea estão a enfraquecer a capacidade militar da Nação.
Ao criarem um aeroporto Nacional Internacional em local descaradamente errado, estão a paralisar o progresso e a tornar Portugal ridículo aos olhos que nos espreitam do lado de lá das fronteiras.


Do ponto de vista interno, um passageiro poderá voar de Pedras Rubras à Ota em poucos minutos e, depois, seguir de autocarro para Lisboa onde, se tiver sorte, vai chegar passado uma hora.

Quanto às ligações internacionais é preciso ter em mente que hoje não acontece como há meio século, quando era frequente os aviões, voando da Europa para as Américas, virem à Portela fazer trampolim para galgar o Atlântico. Hoje qualquer companhia aérea liga facilmente Paris a Nova Iorque. A este aumento de raio de acção dos aviões modernos, acresce a tendência, já à vista, de aumentar desmesuradamente a capacidade de carga, que já se verifica de 350 para 700 no respeitante ao número de passageiros. O aumento do raio de acção e o aumento da capacidade de carga, são dois factores que tendem a diminuir ou pelo menos não aumentar o trânsito de aviões pelos aeroportos situados em Portugal.

Melhorar o aeroporto da Portela parece de bom conselho pois que por certo ainda vai servir por muitos anos senão para sempre. Caros Srs. Ministros, sair da Portela já é errado, transferir para a Ota é erro dobrado.

Para completar: já se deram ao cuidado de olharem com atenção a topografia da área geográfica onde está instalada a Base nº. 2, topografia que só permitiu a construção de uma pista? Já se deram conta do que será aplanar toda aquela zona e dos custos a que vão obrigar, sem contar os extras que hão-de vir à luz do dia quando forem expropriar terrenos que, segundo consta, já estão a ser comprados para depois serem vendidos a preços exorbitantes? Seria muito mau descobrir que algum dos actuais compradores fosse um político defensor da implantação do aeroporto da Ota! Averiguar não custa nada porque, felizmente, contamos com uma Polícia Judiciária fortemente eficaz.

Caros portugueses é tempo de dizer basta. É vosso direito e vossa obrigação. E se fizerdes não será a primeira vez que o Povo, o autêntico Povo, sai à rua defender Portugal daqueles, que tendo obrigação de servir, apenas dele se servem.

Mal gastar os dinheiros da Nação a construir um aeroporto internacional não necessário, edificado no lugar errado, é crime; destruir uma Base Aérea essencial à defesa Nacional é traição: é Alta Traição.

Compete ao Sr. Presidente da República, na dupla qualidade de responsável pelo Património Nacional e Chefe Supreno das Forças Armadas, evitar tamanhos escândalos.

Terá V. Exa. coragem para tanto? Deus o queira e o ajude.


(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior.

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