Chegou o nosso Primeiro
(*) Fernando Xavier de Brito
Foi com muita atenção que escutei o discurso do Eng.º José Sócrates após a sua chegada do Quénia e, principalmente, a forma como reagiu às críticas da oposição. Realmente tem toda a razão o nosso Primeiro quando diz que aquelas atitudes não são próprias de políticos, mas sim de politiqueiros…
É verdade senhor Ministro. Infelizmente nós não temos Políticos à altura. Temos isso sim politiqueiros.
Agora se me permite senhor Ministro, eu que não sou Político e muito menos politiqueiro, mas sim um velho militar na reforma e um cidadão deste País, tenho a dizer-lhe que também não aprovei a sua retirada para férias e explico as razões:
– Em primeiro lugar porque ainda sou do tempo em que os Militares só gozavam férias, quando não fazíamos falta ao Serviço. Por vezes passavam-se anos sem terem férias… O que não sucedia com os funcionários públicos… E, neste momento grave que atravessamos, o Senhor devia estar presente. O Serviço e as Obrigações estão em primeiro lugar.
– Por outro lado, há o aspecto moral. Acha bem senhor Primeiro-Ministro que, depois de ter pedido tantos sacrifícios aos portugueses, não esteja presente quando eles estão sofrendo os horrores dos fogos florestais, vendo desaparecer a maior parte do seu património, as suas casas e por vezes familiares? Disse V. Ex.ª que deixou o nº2 do seu Governo a substitui-lo a quem competia também a responsabilidade dos fogos florestais. Tem de concordar que isso é uma desculpa tola. O povo chama a isso: “Desculpas de mau pagador…”
Entretanto, e muito a propósito, anote na sua agenda secreta, para não esquecer: o “seu” Ministro António Costa aproveitou a sua ausência para ocupar o seu lugar… Mais ainda, deu-lhe “ordem” de poder continuar a ficar lá longe. Cuidado Sr Primeiro-Ministro José Sócrates: o poleiro não é eterno, mesmo quando é “pau sujo de galinheiro”.
– O Senhor é o Chefe do Governo. O dever de um Chefe é dar o exemplo. Que melhor exemplo podia V. Ex.ª ter dado a este Povo, se fizesse o sacrifício de interromper as suas férias e estar presente acompanhando-o na sua desgraça?
– Qual a autoridade moral de um Chefe para pedir sacrifícios, quando ele próprio não faz o sacrifício de abdicar das suas férias quando o seu Povo está passando por momentos tão difíceis?
Tenha paciência nosso Primeiro. Os politiqueiros, mesmo sendo politiqueiros neste momento estão cheios de razão.
Só quando se fazem sacrifícios, seremos capazes de compreender o que custa aos outros, quando lhes pedimos que os façam. Faça também alguns sacrifícios, nosso Primeiro, para que depois os possa pedir.
(*) Coronel de Cavalaria
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home