José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Monday, March 05, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (IX)

(*) A Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

A queda das civilizações é o mais chocante e, ao mesmo tempo o mais obscuro dos fenómenos da História.
Leia-se “impérios” em vez de “civilizações” e ninguém ousará pôr em dúvida essa afirmação feita por Gobineau por volta de mil oitocentos e cinquenta.

No início da década dos anos setenta, o Império Português parecia destinado a sobreviver através dos séculos numa harmónica coexistência racial e num perfeito equilíbrio humano e económico.
De certo modo não éramos mais do que um pequeno país, mas por outro éramos um país – repartido por muitas terras, com povos de todas as raças, em convívio pacífico, unidos na consciência de uma comum nacionalidade – que tirava dessa sua diversidade geográfica, invulgares possibilidades de crescimento humano e económico.

Sem dúvida mesmo as melhores e as mais sábias soluções políticas são contingentes; a política é vida e esta é movimento.
Uma concepção política que se não actualiza, embora guardando e defendendo o que há de permanente nos interesses fundamentais das sociedades humanas, transforma-se, pouco a pouco, num instrumento de desagregação e dissolução por falta de adaptação das instituições às realidades.

Mas o nosso país era a mais corajosa, a mais decidida e, sem dúvida, a mais tenaz de todas as potências europeias com responsabilidades em África.

Seria obstinação negar que, para além da intensificação da nossa acção civilizadora, deveríamos ter enveredado para uma maior cooperação, a nível governativo e administrativo, com as populações locais e não, como se fazia correntemente, abrindo a porta, apenas, aos africanos evoluídos.

A quem lealmente alinhava ao nosso lado, vertendo o seu sangue na defesa dos ideais comuns, devia ter sido dada a oportunidade de uma maior comparticipação nas decisões locais, e mesmo, na medida do possível, nas nacionais.

Não soubemos ouvir os povos como povos; apenas lhes estendemos a mão como irmãos.

Mas nem por isso os “ventos da história” justificam o abandono do ultramar sem serem ouvidas as populações que, na sua quase totalidade, queriam permanecer portuguesas, embora sem dúvida, com certas alterações de pormenor em relação ao regime político-administrativo existente.

O “cansaço das forças armadas” não faz esquecer a destruição de um património que, em quaisquer circunstâncias, era a esperança da comum prosperidade dos portugueses, brancos e pretos, de hoje e de amanhã.

A “impossibilidade de outra solução” não absorve as populações brancas de Angola e Moçambique.

Quem se abandona a si próprio, dizia Shakespeare, apenas merece que os outros o abandonem. Antes morrer com as armas na mão do que entregá-las ao inimigo e vir depois, de joelhos, aceitar o direito à vida.

Em 1961 a população de Angola levantou-se, indómita, para lutar pela sobrevivência; treze anos depois, face a inimigos mais cobardes e mais odientos do que as hostes drogadas de UPA, a população branca entregou as armas a uma administração comunista/socialista que despudoradamente estava a municiar o MPLA, de obediência moscovita.

Em meados dos anos setenta as populações angolanas e moçambicanas de raça branca aproximavam-se do milhão a que devia somar-se meio milhão de euro-africanos e à volta de dez milhões de africanos de africanos de indiscutível fidelidade a Portugal.

E todavia os europeus entregaram as armas e deixaram-se vencer!

Como se tivessem esquecido o que sucedera no Congo Belga, onde, no entanto, depois da independência, ficara uma força enquadrada por oficiais brancos e africanos comandada por um general dependente de Bruxelas.

Os jornais do Ultramar, directa ou indirectamente controlados por Lisboa, gostavam, ao tempo, de repetir aos brancos que não seriam retirados os seus haveres:

“Ninguém será perseguido, morto, ou agredido se a sua actuação tiver sido ou vier a ser a que é de exigir a qualquer cidadão íntegro e consciente dos seus deveres”.
Desde logo se anunciava, assim, que a independência de Angola e Moçambique, retiraria aos europeus todos os seus direitos; apenas os conservariam, e na medida em que os novos governantes o consentissem, “os cidadãos íntegros e conscientes dos seus deveres”.

Era fácil de supor que deveres estariam em causa e quantas baixezas seria necessário cometer para merecer essa qualificação.

E todavia, salvo em Lourenço Marques – a mais maravilhosa cidade desse Portugal imenso que se estendia do Minho a Timor – ninguém lutou.

A administração comunista/socialista pediu-lhes as armas e todos, todos esses homens, bravos e confiantes, acorreram prestimosos a entrega-las.

De cinco séculos de presença portuguesa ficaram países maravilhosos!

Mas a obra de vinte esforçadas gerações de portugueses foi abandonada aos russos por duas ou três centenas de cobardes e traidores.

Além de Macau, que a China nobremente se recusou a receber da “mão dos capitães de Abril”, só em Timor, no ponto de vista da legalidade internacional, se mantém a soberania portuguesa.

Não, todavia, pelo valor dos nossos soldados.

É o patriotismo dos bravos timores da UDT, e da KOTA – mais portugueses que os metropolitanos – que a vem mantendo contra o integrismo indonésio da APODETI e a submissão comunista da FRETILIN.

Para esses homens de Timor que morreram e morrem aos milhares, se não dezenas de milhar pela bandeira que nós não defendemos, Portugal está a contrair uma dívida que, por certo, jamais poderá pagar.

Se o futuro, como dizia Maurras pertence aos povos que semeiam e colhem a eterna flor do passado, diante dos portugueses, por força das ideias de Abril, estende-se a perder de vista uma planície árida onde só florescem cardos e piteiras.

Para o secretário-geral do Partido Socialista que, na capital francesa teria chefiado a delegação da Acção Socialista Portuguesa, a descolonização – e por ele chamada “descolonização autêntica” – era aquela que representava a “conclusão vitoriosa das lutas da libertação nacional” por parte dos movimentos terroristas.

Porque? Quem sabe!

Talvez fosse esta a única que a URSS aceitava para se sentir obrigada a pagar a Judas, a todos os Judas deste país, as trinta moedas de prata de que tão ávidos se mostravam.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA : Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.

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