O ABISMO PLANETÁRIO
Será que poderemos estar em vias de caminhar para a voragem, um sorvedouro, de um precipício que não se conhece o fundo?
O tema tem vindo a ser tratado por cientistas, de maneira muito realista com especial relevância nos últimos decénios sobre o futuro da vida neste Mundo em que vivemos.
Jacques-Yves Cousteau abordou, com especial relevância, as consequências da explosão demográfica que estava a acontecer, muito especialmente, nos países subdesenvolvidos.
Por essa altura, um canal da televisão de Portugal projectou um documentário muito preocupante sobre o que poderá acontecer no nosso planeta.
Mostrava três miniaturas separadas, mas todas iguais, com cerca de um metro quadrado cada uma, representando um terreno ricamente urbanizado e em relevo.
Os habitantes eram 12 ratinhos branquinhos como neve.
No primeiro quadrado vivia um casal; no segundo dois casais; no terceiro três casais.
Todos lá colocados ao mesmo tempo. Eram alimentados com a mesma diária de qualidade e quantidade.
Na primeira paisagem viviam felizes e sobrava comida.
Na segunda já não tanto. Os pequenos roedores arreganhavam-se sempre que se cruzavam.
Na terceira reinava o caos. Combatiam-se ferozmente, feriam-se em lutas territoriais, o branco ensanguentou-se, urinavam no ribeirinho, escavacaram a rodinha do exercício, a linda paisagem transformou-se numa fétida lixeira.
Lester R. Brown na entrevista que concedeu a Geraldine Correia publicada no Público em 20 de Março de 2006, cognominada A NOVA ECONOMIA VAI TER FOME, e aqui condensada no SENADO NEWS em 19/05/07 alerta sobre o problema da demografia no Planeta Terra em que vivemos e que aqui apontamos em breves sínteses.
A população mundial aumenta em 70 milhões por ano.
Nos últimos seis anos a produção de cereais foi cinco vezes inferior ao consumo, ou seja, temos recorrido a reservas.
Os novos hidro-combusíveis vão roubar uma parte da produção agrícola.
Muitos países do terceiro mundo que importam alimentação não poderão suportar o aumento de preços e haverá sérios problemas sociais e revoltas terríveis.
TODAVIA JÁ EXISTEM INDÍCIOS DA NOVA ECONOMIA:
Os moinhos de vento, a energia solar, as hidro de pequena escala, as iniciativas de reflorestação…
São boas tentativas a imediato enquanto o crude persistir…
Depois?
Sem vento, sem luz solar, sem água e com a depilação das florestas para terrenos cultiváveis e urbanização… será que se resolve o problema em termos de longo prazo?
O nuclear? Porém o fantasma de Tchernobyl ainda paira…!
Vasco Ferreira Pinto opinou num muito interessante artigo, em Novembro de 2005, intitulado MIGRAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO, aqui publicado na integra em 25/04/07, com uma notável interrogação:
Porque é que só se fala em arranjar mais emprego nos países de acolhimento, e não se fala em arranjar emprego nos países de origem?
Sarkozy no debate contra Ségolène, em 02/05/07, e transmitido no canal francês TV5, considerou esse “Ovo de Colombo”. Cerca de ano e meio depois, o candidato à presidência de França defendeu uma proposta se for eleito; o que sucedeu quatro dias depois.
Ferreira Pinto acrescenta:
Não sou perito na matéria, mas a produção de produtos semi-acabados poderia reformar drasticamente a enormidade economicista actual, a qual mantém baixos os preços nos países ricos à custa dos países pobres, mas também à custa do aumento exponencial da emigração clandestina que é cada vez mais cara em dinheiro e segurança.
Lembro a esse respeito o que dizia um político Zairense à data da independência do Zaire, em 1960:
Uma tonelada de minério de cobre comprava um Volkswagen, hoje talvez não compre um volante!!!
Ferreira Pinto finaliza:
Certo é que para o equilíbrio global, os países pobres têm que desenvolver o sector agrícola e industrial em paralelo com a construção de infra-estruturas, para se auto-alimentarem e criarem emprego de mão-de-obra menos especializada, e depois entrar na economia de serviços e do conhecimento, criando, aumentando e transformando o sistema de educação tradicional e a formação, ao longo da vida, com a ajuda das novas técnicas de informação e dos países mais desenvolvidos.
Brown remata com uma dúvida no “fio da navalha”:
Tal como outras civilizações do passado, podemos continuar os negócios como habitualmente e assistir ao declínio da economia e ao seu colapso…?
Porém como acima dissemos JÁ EXISTEM INDÍCIOS DA NOVA ECONOMIA
São bons os indícios já citados que irão colateralizar de imediato o problema do crescente excesso demográfico que estamos a constatar por esse Mundo fora.
Assim como o que já se aplica na China restringindo a natalidade a um filho por casal.
E, na Europa, pelas modernas exigências das cada vez mais necessárias medidas economicistas, de consequente menor natalidade, no sentido de se acautelar uma sobrevivência cómoda, digna e segura, da família.
Porém por evidência aritmética não se resolverá o problema… a exemplo dos confinados ratinhos.
Henry Kissinger, vai mais longe…acredita que, a logo prazo, a espécie humana terá de aplicar o drástico princípio de:
Quem não consome não tem o direito de viver.
Mas para já:
Brown defende, três caminhos possíveis:
Primeiro – uma restauração da economia global para que se possa sustentar a civilização.
Segundo – um esforço intenso para erradicar a pobreza, estabilizar a população e restaurar a esperança para conseguir a participação dos países em desenvolvimento.
Terceiro – um esforço sistemático para restaurar sistemas naturais.
E finaliza:
Esta será a decisão da nossa geração, sem dúvida.
E vai afectar a vida na Terra de todas as gerações a seguir.
NOTA: os trechos em itálico são da autoria dos citados.
(*) Coronel de Cavalaria
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