José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
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Wednesday, January 31, 2007

A COLONIZAÇÃO EUROPEIA


(*) José Pinheiro da Silva, publicou no N.E.O.S. em Maio de 1997.
Há quem tenha definido, com rara felicidade, esse ser superior que é Salazar como sendo não apenas um devotado e estrénuo defensor do Ocidente, mas o próprio Ocidente.

Quer isto significar que Salazar era a encarnação da essência do Ocidente. Trata-se, já se vê, dum feliz elogio e, a um tempo, a pura expressão da verdade.

Salazar tinha, como ninguém, a noção perfeita do valor e sentido do movimento da colonização europeia, que se desenvolveu durante séculos perante quatro cantos do mundo e é bem a expressão máxima da capacidade de realização do “homo europeus”.

Com efeito, quem diz colonização, não obstante deficiências inevitáveis em obra humana de tão vastas dimensões, diz fomento de valores espirituais, morais e materiais que definem a Civilização – valores a salvaguardar sem hesitações frente ao seu mais encarniçado inimigo qual é o comunismo.

A feição da colonização portuguesa, que se caracteriza pelo sentido da integração, mereceu de Salazar cuidados especiais e enternecedores, pelo que se pode e deve classifica-lo como o seu melhor intérprete :

«todos os valores da acção colonizadora europeia têm a sua melhor expressão na nossa obra civilizadora »

Por isso, defender o Ultramar e o Ocidente era uma e mesma coisa:

«tarefa ingente e altamente honrosa em que nos encontramos “orgulhosamente sós” porque os demais abdicaram vergonhosamente dos seus deveres e obrigações».

Era convicção profunda de Salazar que a nossa história é fonte de tradições que devem guiar os nossos passos, e bem assim de virtudes que nos impõem deveres irrecusáveis.

Conhecê-la e amá-la, actuar em obediência às suas luminosas lições – os mortos mandam – é dever e obrigação, imperativo de consciência.

(*) Licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Universidade de Coimbra (15 valores, 1952).
NOTA 1: 1952 «Curso de Ciências Pedagógicas pela Universidade de Coimbra (13 valores).
NOTA 2: 1962/1966 «Deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Viana do Castelo»
NOTA 3: 1966 «Membro do Instituto de Coimbra»
NOTA 4: 1964/1971 «Assistente da Universidade de Luanda, com regência da cadeira de História da Educação, tendo servido sobre a orientação do Prof. Dr. Délio Nobre Santos, catedrático da Universidade de Lisboa».
NOTA 5: 1971 «Comendador de Instrução Pública».
NOTA 6: 1981 até à sua extensão « Professor da Universidade Livre».
NOTA 7: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.













Monday, January 29, 2007

SALAZAR, O PENSAMENTO INTEMPORAL

(*) Ruy Miguel – edição N.E.O.S. de Setembro de 2004.
Não quero deixar de fazer uma chamada de atenção para os leitores menos conhecedores da vida e obra de Salazar.

Ao pretendermos analisar o pensamento de Salazar – intento nada fácil – era apenas o nosso objectivo contestar quantos, volta e meia, vêm tentar contrariar o que é inegável: o valor das suas concepções governativas.

É tal a clareza das suas ideias e das suas palavras que estas não permitem duas interpretações.
Cada palavra vale pelo seu exacto significado, numa clareza que nos prende à leitura como se de viva voz o escutássemos, como tanta vez aconteceu.
Concluímos que, para além de tudo o mais, o pensamento que elas revelam é inegavelmente intemporal.

Não será descabido, tendo em vista os mais jovens leitores, destacar o facto de Salazar ser um homem oriundo de um meio rural e descendentes de uma família modesta.
A sua origem não o impediu de, pelo estudo afincado, alcançar a cátedra e guindar-se ao plano mais alto da intelectualidade.

Salazar foi um português, um nacionalista, na plena acepção da palavra, colocando antes de ser governante, acima de quaisquer interesses, pessoais ou de grupo, o interesse do País.

E isto é algo tão grandioso e verdadeiro que os seus detractores, por mais que o tentem, jamais conseguirão destruir ou ocultar o seu valor.

Salazar não foi um ditador – na vulgar acepção do termo – mas um teorizador.

O seu pensamento, que nos é dado a avaliar e apreender, através das suas palavras e dos seus actos, é disso revelador.

Não nos podemos esquecer que Salazar chefiou um regime de homens e que estes não foram, na sua totalidade, perfeitos executantes das suas directrizes.

São exactamente essas imperfeições de percurso que afectam qualquer regime, por mais democrático que seja ou tente ser.

Quando se comenta, com certa ironia, que Salazar “despedia” os seus ministros com um cartão de visita, escrito a lápis, a verdade é que esses homens haviam cometido alguma falta, mais ou menos grave, de lealdade para com a sua missão.
Há casos conhecidos, que nos dispensamos de comentar, não por mero decoro mas pela sua menor importância.

As alterações à Constituição da República, após o 25 de Abril de 1974, deixaram de considerar referências como Ultramar, Colónias, regime corporativo e ditadura, outras das que figuram nas expressões de Salazar.

(*) Jornalista e escritor










Sunday, January 28, 2007

O TRABALHO, O TRABALHADOR, O SALÁRIO, E OS SINDICATOS


(*) Mendonça Júnior
Em 15 de Outubro de 2006, publicamos aqui um artigo intitulado A EDUCAÇÃO CÍVICA E O VALOR DO TRABALHO EM PORUGAL da autoria de Fernando Oliveira Martins, advogado Pós-graduado em Estudos Europeus e em Direito do Trabalho e de Segurança Social.

Recordemos Salazar, falando sobre o tema, em 1933:

Na base do trabalho está a necessidade fundamental de conservar e transmitir a vida: na base do trabalho está a vida do trabalhador.

Se muitos homens não dispõem para viver de mais nada senão do potencial do seu trabalho, duas conclusões se opõem:
– uma é que é preciso organizar a economia nacional de modo a terem trabalho os trabalhadores;
– outra é que o trabalho tem de ser regulado e organizado por forma que o salário permita aos trabalhadores viver.

A mais adequada remuneração do trabalho é constituída pelo salário.

Pode o trabalhador ser associado à empresa, pode ser interessado nos seus resultados, quer dizer, nos seus lucros, mas os que não têm de que vivam não podem esperar, nem especular, nem deixar de receber; eis porque a forma ideal que deve estar na base das muitas combinações possíveis é o salário suficiente.

Tudo o mais é bastante vago, bastante longínquo, bastante abstracto para interessar deveras.
Não há limite à elevação do nível de vida de quem trabalha; não há mal algum em que este se eleve cada vez mais, em tanto quanto o comporte o conjunto da economia do País.

O salário, por consequência, não tem que ter limite superior, mas pode ser-lhe fixado o limite mínimo, para que não desça além do que é imposto pelas exigências duma vida suficiente e digna.

No campo da actividade profissional não deva também o trabalhador estar só.
Naturalmente ele terá tendência para se associar com outros a fim de defender melhor os seus interesses materiais e morais da profissão.

Ora o sindicato profissional é, pela homogeneidade de interesses dentro da produção, a melhor base de organização do trabalho, e o ponto de apoio, o fulcro das instituições que tenham a leva-lo, a cultiva-lo, a defende-lo da injustiça e da adversidade.

Grande produção moderna, altamente concentrada, já não pode ter-se a pretensão de repor no velho aspecto familiar as relações do operário e do patrão; mas há que compensar o que por esse lado se perdeu com estabelecerem-se as relações na base do sindicato com a empresa.

O sindicato pode substituir, à indefinida variedade de relações existentes com os diferentes factores da produção, tipos de soluções extensivas a todos os interessados da mesma ordem, no que toca à remuneração e às condições de trabalho.

Ele diminui por uma intervenção racional o que há de precário e frágil na utilização do trabalho substituindo a posições meramente individuais as que resultam das próprias posições económicas dos interesses a defender.

(*) Coronel de Cavalaria.



Tuesday, January 23, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (IV)

(*) A Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

Nos princípios de 1973 o interesse da Rússia pela sorte de Portugal metropolitano era restrito demais para justificar a presença de uma delegação na conferência de Paris.
Só o ultramar português lhe interessava e só em função desse interesse as questões portuguesas vieram a ser tratadas por essa delegação.

A “guerra colonial”, ao tempo dominada em Angola, controlada em Moçambique, e em condições de ser ganha na Guiné, podia terminar em meia dúzia de meses.
Se assim acontecesse Moscou teria deixado perder uma rara oportunidade para se instalar em Angola e Moçambique sem levantar protestos internacionais.
Na política portuguesa passaria a oportunidade para adquirir por um prato de lentilhas, a uma minoria ávida de honras e benesses, uma herança de quinhentos anos de história.

O montante posto pela Rússia em Paris, à disposição da esquerda portuguesa, para financiar a revolução, foi objecto de muitas conjecturas.
Na altura falou-se em cinquenta milhões de dólares; não parece, porém, que tão pouco chegasse para satisfazer tantos encargos, mesmo tendo em conta que as despesas com as tropas mercenárias cubanas desde logo ficara assente serem pagas directamente por Moscou.

O governo Russo não estava interessado em economizar rublos e, naturalmente, menos ainda, em poupar copeks.

Aliás, como refere “Faits et Idées”, ficou assente que o governo saído da revolução deveria pagar integralmente todos os dinheiros recebidos. O que fez com a compra de açúcar a Cuba a preços superiores aos do mercado internacional e, à Rússia, compra de madeira de pinho e sardinhas, e venda de vinho a dois escudos o litro e sapatos a cem escudos o par.

Na guerra todas as economias são sempre dispendiosas.

O que interessava ao Kremlin era levar os sectores democratas tradicionalistas da primeira República – ou pelo menos uma parte representativa – a maçonaria e elementos progressistas católicos, tipo Capela do Rato, a alinhar com os socialistas e comunistas no apoio a um grupo de militares que se propusesse transferir a solução do problema ultramarino do plano militar para o plano político onde o Kremlin estava seguro de poder impor os seus pontos de vista.

Esse apoio, ainda que fosse confuso e mal definido, teria acção decisiva no clima revolucionário que dominaria as semanas posteriores à eclosão do movimento militar.
Com ele seria possível proceder a uma descolonização sem complicações “democráticas”, passando as províncias ultramarina directamente da soberania portuguesa, sem ouvir populações, para o controlo de forças dependentes de Moscou.
Sobretudo se os meios de comunicação fossem habilmente utilizados para desviar a atenção do país dos problemas africanos, onde o destino de Portugal estava em jogo, para a ameaça da comunização imediata do quadrilátero europeu que Moscou, na altura, não tinha, por certo, a menor intenção de levar a cabo.

A partir da conferência de Paris os acontecimentos pelos quais se traduziu a escalada da subversão no nosso país, sucederam-se em rápida cadência:
1 – Em Maio,
a Acção Socialista Portuguesa transformou-se no Partido Socialista que, desde logo se declarou “radicalmente anti-colonialista” pronto a bater-se pelo “direito à autodeterminação dos povos coloniais”;
2 – Em Julho, em volta da questão de ordem profissional, formou-se o chamado “movimento dos capitães” que, no Outono, tendo relegado para segundo plano as suas reivindicações iniciais, tinha dado aos seus objectivos um nítido cariz político, pretensamente democrático mas, na realidade, de inspiração marxista.
3 – Em Setembro, o PC e o PS subscrevem um comunicado em que afirmaram ser objecto das “forças democráticas portuguesas” pôr termo à “guerra colonial” propondo “imediatamente negociações com vista à independência dos povos de Angola, da Guiné Bissau e de Moçambique”,

Os milhões de dólares do Kremlin não tinham caído em terra sáfara.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA : Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.



Monday, January 15, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (III)

(*) A. Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

A suspensão das operações sul-africanas no Sul de Angola, em 1975, quando a realização dos objectivos estava à vista, só é explicável pela existência, senão de um entendimento russo-norte-americano relacionado com o que fora convencionado em 1973, em Paris, entre a esquerda portuguesa e o governo de Moscou, pelo menos pela fácil aceitação por parte de Washington, da afirmação feita por Brejnev, de que a ocupação de Angola pelos cubanos era questão de ser debatida, exclusivamente, entre Luanda e Havana.

O Kremlin, porém, tinha consciência de que nessa altura – com excepção de um restrito sector, sem representatividade, que o país desprezava – os portugueses alinhavam decididamente, ao lado do governo, na defesa do Ultramar.
Mesmo a oposição ao regime mantinha-se fiel à linha política da primeira República que, com Afonso Costa, António José de Almeida e Norton de Matos, colocava a defesa das terras de Além-Mar no primeiro plano dos deveres permanentes do país.

Um relatório do “Fígaro”, que veio a Lisboa depois da morte de Salazar, reconheceu, com surpresa sua, que a guerra nas fronteiras das províncias africanas, mesmo entre as classes trabalhadoras, nada tinha de impopular.

A política ultramarina tradicional estava de tal modo arreigada na alma portuguesa que, como expressão do próprio sentimento de independência do país, se colocava acima das ideologias partidárias e da luta de classes.
A Rússia, naturalmente, não considerava o sentimento nacional das populações ultramarinas portuguesas – brancos, negros ou malaios – como um obstáculo. Como dizia Alarico: o feno, mesmo denso, é fácil de cortar.

O que estava em causa na conferência de Paris, tão sem importância que quase passou despercebida, não era a sorte da África portuguesa nem a satisfação das aspirações das suas populações, em defesa da URSS num inevitável conflito com a China.

Há muitos anos que Moscou não ignora que, para resistir à pressão chinesa sobre a Sibéria carece do controlo da economia ocidental.
O domínio de Angola e Moçambique apenas lhe interessava como degrau necessário para o domínio da África Austral que, ainda hoje, é um dos objectivos fundamentais da sua política internacional.
A Sibéria – e a própria existência da URSS, como grande nação, a discutir no inevitável conflito que a Rússia, mais tarde ou mais cedo, terá de travar com a China – não a pode o Kremlin defender sem o apoio industrial da Europa e este, para ser válido, depende da rota do Cabo, por onde passa a quase totalidade dos abastecimentos ao velho continente em matérias primas e petróleo.

A inferioridade numérica, face ao bloco sino-japonês, que forçosamente se formará em caso de conflito armado, condena a Rússia a uma derrota inevitável se, além de uma esmagadora superioridade tecnológica, não tiver o domínio dos Oceanos, e o quase monopólio dos minerais estratégicos que só são abundantes na África do Sul.

Pouco antes de morrer Spengler afirmou profeticamente que o Ocidente só poderia ser salvo pela África do Sul. Não, naturalmente, pelo valor das suas armas – que se não põe em dúvida – mas porque no dia em que a Europa estiver cercada pelo Sul não será mais, na realidade, do que a pequena península da Ásia a que Paul Valéry se referia.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA 1: Continuação do (II).
NOTA 2: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.



Thursday, January 11, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (II)

(*) A Valdez dos Santos – edição do N.E.O.S. de Abril de 2002.
A questão estava em determinar até que ponto as forças armadas, para evitar as soluções militares que eram justificação da sua própria existência, se encontravam dispostas a ceder no campo das soluções políticas.

Nos princípios de 1975 ter-se-ia realizado, em Paris, uma conferência convocada pelo Partido Comunista onde, elementos heterogénios da esquerda portuguesa, se comprometeram a levar a cabo uma revolta em Portugal, o mais tardar até 25 de Abril.
Estiveram presentes, além do PCP convocante, a Acção Socialista Portuguesa, uma dezena de militares, católicos progressistas e representantes da maçonaria.

Não era a primeira conferência ali realizada, com maior ou menor participação das chamadas esquerdas oposicionistas e mesmo de simples descontentes. Mas o facto do PC russo ter enviado uma pequena delegação, com instruções claras e poderes precisos para assumir compromissos financeiros, conferia-lhe particular importância.

A revista “Faits et Idées” que a chamada “Frente Portuguesa de Libertação” publicava em França, afirmou em Agosto de 1976 que, nessa conferência – para a qual tinha sido convidada – fora decidido o reforço da infiltração marxista nas forças militares portuguesas e elaborado um plano para intensificação do terrorismo nas províncias africanas.

Aliás, como refere “Faits et Idées”, ficou assente que o governo saído da revolução deveria pagar integralmente todos os dinheiros recebidos. O que fez com a compra de açúcar a Cuba a preços superiores aos do mercado internacional e, à Rússia, compra de madeira de pinho e sardinhas, e venda de vinho a dois escudos o litro e sapatos a cem escudos o par.

O sucesso da revolução implicaria a instalação na Metrópole de um regime “democrático a caminho do socialismo” que poria termo à guerra colonial.
A independência da Guiné, Angola e Moçambique seria concedida imediatamente, mediante a entrega do governo aos movimentos terroristas de obediência comunista, sem condições políticas e económicas nem indemnizações.

Os colonos deveriam ser repatriados a expensas de Portugal.

Embora nos meios políticos afectos à esquerda a conferência de Paris tivesse tido ampla repercussão, a sua realização e o clausulado suscitaram interrogações a que nunca foi dada resposta conveniente.
Em primeiro lugar para quê um conferência em Paris entre os PCs soviético e português?
A linha de conduta dos comunistas portugueses foi sempre, fora de questão – mas na altura, se possível do que hoje – fixada autoritariamente pelo Kremlin; a Acção Socialista Portuguesa não tinha qualquer implantação no país e os seus dirigentes careciam de prestígio.

Nestas condições para quê a conferência?
Teria sido convocada para provocar a presença e comprometimento de meia dúzia de militares e outros tantos ex-militares desertores que formavam o grupo de Argel?
Dir-se-ia gente desprezível de mais para justificar um tão grande interesse como então se afirmava ter-se verificado por parte da delegação russa.

Parecia mais fácil acreditar que Moscou, com essa conferência procurasse obter cobertura civil a uma operação militar já em preparação e, provavelmente em estado mais adiantado do que então se julgava.

A realização dessa conferência, suscitava uma segunda interrogação: Moscou não recearia a reacção dos E. U. à manifestação do seu expansionismo? Por muito que nos altos postos da administração norte-americana pululem os Alger Hiss – como incontestavelmente acontece – o Pentágono teria, necessariamente, uma palavra a dizer quanto á perda, para o Ocidente, do Ultramar português com portos no Atlântico e no Índico indispensáveis à defesa da rota do Cabo.

A resposta a esta última não se afigura particularmente difícil. No calendário da agressão russa ao Ocidente chegara o momento de transformar as guerrilhas terroristas da Guiné, de Angola e Moçambique em governos de estrita obediência comunista.

E como a derrota do Vietnam, que os E.U. aceitaram por razões de cobardia nacional, Watergate – cujas profundezas estão por declarar – deixaram a águia norte-americana muito desplumada, Moscou não teve dúvidas que jogando com a “coexistência pacífica” e com o “climat de détente” poderia levar a cabo a operação “África Portuguesa” sem complicações internacionais de maior.

Brejnev, em 1972, tinha assinado com Nixon, no “sommet” de Moscou, um tratado solene em que se obrigavam a nunca, e por razões algumas, procurarem obter vantagens territoriais. Dentro da técnica usual comunista, os papeis que Brejnev e Nixon assinaram em Moscou, apenas queriam significar que a URSS preparava uma nova campanha expansionista, precavendo-se, com antecedência, com justificações adequadas, sobretudo para fins eleitorais norte-americanas.

(*) Fundador, proprietário e comentador do «Jornal Português de Economia e Finanças».
NOTA 1: Continua no (III)
NOTA 2: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.









Monday, January 08, 2007

A LIQUIDAÇÃO DO ULTRAMAR (I)


(*) José Pinheiro da Silva, publicou em Agosto de 2003.
FOI ASSIM QUE TUDO COMEÇOU
Antes, porém de prosseguir, ocorre-me transcrever, com uma amarga emoção e ainda por extenso, o que se colhe do livro História Secreta das Organizações de Terroristas, volume IV, da autoria P. F Villemarest, aqui transcrito em «itálico»:

«Desde a morte do Doutor Oliveira Salazar, os intriguistas criminosos que se insurgiram contra o regime e cuja queda provocaria a morte de Portugal, redobraram os esforços. Os Estados Unidos e a Rússia estavam perfeitamente de acordo em partilharem os despojos do Império Lusitano.

Quando o presidente R. Nixon e o presidente Pompidou se encontraram nos Açores com Marcelo Caetano, numa reunião secreta, os americanos ofereceram ao Presidente do Conselho, o Professor Marcelo Caetano, uma montanha de dólares se este último abandonasse o Ultramar Português.

Ele recusa dizendo que a África Portuguesa não estava à venda. Vê claramente que se os portugueses partissem, seria o grande capital internacional e a “Revolução marxista” que tomariam o seu lugar.
Com esta recusa o Professor M. Caetano condena-se a desaparecer ou a ser suprimido…

Desde então os intriguistas estrangeiros precipitaram-se e a partir da Conferência de Bilderberg em 20 de Abril de 1974 tomaram a resolução de desencadear em Portugal a revolução do 25 de Abril e de impedir a parte atlântica de realizar as manobras aeronavais Dawn Petrol 1974 da OTAN, que deviam começar no dia 25.
Ganha a marinha portuguesa pela revolução, pôde regressar ao porto de Lisboa no dia 24 e dirigir as suas peças para o Parlamento e para Presidência do Conselho.
Esta intervenção foi determinante na demissão do Governo de Caetano.

No decurso da mesma reunião o Príncipe Bernhard tinha dissertado sobre o petróleo de Cabinda com amigos que se interessavam muito por esta matéria.
No Vaticano seguiam atentamente o assunto: Monsenhor Pereira Gomes tinha falado no dia 25 de Abril com Monsenhor Villot, progressista notável.

Pode-se ser aprendiz de feiticeiro e não ter o estofo dum Maquiavel; o Senhor Luns, Secretário Geral da OTAN, certamente que não esperava que o vento da revolução que ele tinha favorecido com os seus amigos viesse para a democracia popular, como reconheceu publicamente um ano e meio mais tarde».

Tudo muito claro: os Estados (Unidos da América, a União Soviética, a NATO, a França, a Holanda; os “bilderbergers”, membros influentes e esquerdistas da Igreja estão na origem pecaminosa dessa revolução que se diz libertadora, mas que na realidade abandonou ignominiosamente os nossos amoráveis territórios e populações de Além-Mar – vasto campo da capacidade da realização de portugueses de lei de todas as etnias, durante séculos.

O 25 de Abril é filho directo do conluio diabólico de todos os inimigos de Portugal, internos e externos, da aliança sacrílega do execrável mundo da alta finança e da sida ideológica do terrível século XX – o comunismo…

Para a obtenção dos objectivos anti-portugueses, nascidos da estreita colaboração entre o famigerado Movimento das Forças Armadas e a estranja, já se vê que o General Silvino Silvério Marques, português de alma e coração, era quem menos servia…
Nunca participou no MFA e a sua presença em Angola deveu-se ao Ministro da Coordenação Interterritorial, Dr. Almeida Santos…
O MFA precisava de um traidor e não de um homem, com maiúscula, que tinha o amor e o respeito dos nativos de Angola – sentimentos grangeados brilhantemente durante o tempo em que fora Governador Geral quando Salazar olhava pelos verdadeiros interesses da Nação, com inteira obediência aos ditames do ser nacional.
Calunia-lo, impedi-lo de trabalhar eram exigências inelutáveis dos torvos interesses que moviam o MFA.

Estou em crer que este trabalho esclarece quanto se viveu naqueles dias em que os comunistas, dominantes no seio do MFA, usaram todos os meios de que são mestres na subversão da sociedade…

(*) Licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Universidade de Coimbra (15 valores, 1952).
NOTA 1: 1952 «Curso de Ciências Pedagógicas pela Universidade de Coimbra (13 valores).
NOTA 2: 1962/1966 «Deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Viana do Castelo»
NOTA 3: 1966 «Membro do Instituto de Coimbra»
NOTA 4: 1964/1971 «Assistente da Universidade de Luanda, com regência da cadeira de História da Educação, tendo servido sobre a orientação do Prof. Dr. Délio Nobre Santos, catedrático da Universidade de Lisboa».
NOTA 5: 1971 «Comendador de Instrução Pública».
NOTA 6: 1981 até à sua extensão « Professor da Universidade Livre».
NOTA 7: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.