José Maria de Mendonça Júnior, Coronel de Cavalaria do Exército Português.

Vivência Militar: Portugal, Angola, França, Alemanha, Macau e Timor.

Condecorações: Serviços Distintos e Relevantes Com Palma, De Mérito, Avis, Cruz Vermelha, De Campanhas.

Vivência turística: Madeira, Açores, Espanha, Baleares, Canárias, França, Alemanha, Inglaterra, Italía, Suiça, Malta, Brasil, Paraguai, Marrocos, Moçambique, África do Sul, Zimbabwe, Indonésia, Singapura, Austráia, Filipinas, China.

Idiomas: português (de preferência), Espanhol, Francês, Inglês.

Com o fim de dinamizar a solidariedade através de comparticipação de cidadãos com inesquestionavél integridade de caracter.
 
Esta tese é enviada por http://senadonews.blogspot.com/ podendo ser correspondida pelo e-mail senadonews@gmail.com ou pelo correio postal: União Ibérica, Av. Bombeiros Voluntários, 66, 5º Frente, 1495-023 Algés, Portugal; Tel: 00 351 21 410 69 41; Fax: 00 351 21 412 03 96.

Pesquisá pelo google.pt ou pelo sapo.pt

Wednesday, July 27, 2005

E ENTRETANTO PORTUGAL CONTINUA A ARDER (II)


(*) Carlos Galvão de Melo

Na minha anterior intervenção fui bastante claro em denunciar os crimes cometidos, nos últimos 25 anos, tanto por aqueles que pegaram fogo às florestas, como por aqueles outros que tendo o poder, a obrigação e a oportunidade de adoptar medidas capazes, senão de evitar os fogos pelo menos diminuir radicalmente os seus efeitos destruidores, nada fizeram, opuseram-se a que fosse feito, e ainda se permitiram agravar o que só por si já era muito grave, lançando na fogueira somas astronómicas do erário público, adoptando medidas, que talvez tenham enchido os bolsos de alguns, mas de nada serviram para defesa e salvaguarda dos bens que são pertença da Nação.

Durante os últimos 25 anos a incompetência tem sido de tal ordem e vulto que é lícito duvidar tratar-se somente de incompetência!

O passado passou e já nada o pode modificar, bem assim o presente: tratemos então do futuro, mas tratemos com tempo e não, como sempre tem acontecido, só depois de, em cada ano, a casa começar a arder.
Se queremos estar preparados em 2006, temos de começar desde já, hoje mesmo que amanhã já é mais um dia a menos: e não se julgue que vamos ter tempo de sobra para: definir claramente o que pretendemos; que aeronaves vamos seleccionar, dos variados modelos que felizmente já estão testados e disponíveis no Mundo Ocidental e Oriental; de quantas aeronaves vamos precisar; como as vamos organizar e distribuir no país; que pilotos e pessoal de apoio vamos escolher e quantos; estabelecer a legislação que inclua chefia e dependência da unidade aérea e a sua relação com a Organização Nacional de Bombeiros.
E depois de tudo isto feito ainda é preciso dispor de meses para instruir e treinar todo o pessoal: desde os chefes, passando pelos coordenadores, controladores e de um modo particularmente intenso o pessoal de voo.
Por aqui se vê que não é cedo demais começar desde já. E por aqui também se conclui que não pode este complexo problema ser apenas decidido e resolvido por políticos que nada sabem da matéria, nem têm obrigação de saber.
Entre nós só a Força Aérea dispõe de profissionais, conhecimentos e experiência para estudar e pôr em execução tão magna operação.
Por outro lado há que partir de dados realistas e não de utopias. Um exemplo: ouvi ao Ministro da Agricultura afirmar que iriam ser aplicadas sanções aos proprietários de florestas que não mantiverem os solos limpos de mato que, de facto, impedem a penetração dos meios terrestres contra incêndios. Senhor Ministro esta ameaça revela ignorância e eu vou explicar porquê.
Em tempos, ainda não muito distantes, quando eu me ocupava da floresta interior a uma quinta de família perto de Mangualde, muitos proprietários, em particular de pequenas fazendas, vinham até mim propondo-me a compra dos matos da floresta de cujo corte e colheita eles se encarregavam. Nesse tempo, e nestas circunstâncias, ganhava-se dinheiro com a limpeza da floresta: pelo que, naturalmente, elas se mantinham desobstruídas permitindo a livre circulação de pessoas e máquinas. Estes agricultores proprietários compravam os matos porque deles precisavam para adubo e fonte de energia.

Porém, hoje, adubo e os combustíveis vendem-se em sacos e bidons nas lojas da especialidade, já ninguém aparece a comprar mato.

Hoje, com a evolução dos produtos usados na lavoura e a subida, muito justa, dos custos de mão de obra, nenhum proprietário, a começar pelo Estado, limpa as florestas, por uma razão muito simples: se cortarmos e vendemos a floresta toda, a receita assim conseguida não é suficiente para pagar a mão de obra necessária para cortar e recolher todo o mato.

Como se sabe esta impossibilidade está na origem da obrigação de incluir o avião nos meios de combate aos fogos. De facto, hoje, só o avião pode, em tempo útil, atingir o fogo que surge no interior de densas florestas.

Mas para ser eficaz o avião tem de estar imediatamente disponível, porque só assim pode atacar o incêndio logo de início, enquanto é pequena fogueira. Alugar aviões quando o incêndio já avança em frentes de 10, 20, ou 30 Km, nada podem fazer. Chegado a esta fase nenhum meio humano apaga o fogo: este apaga-se por si quando nada já houver para arder. É o que vem acontecendo em Portugal desde há décadas: é o que este ano ainda não parou de acontecer.
No ano corrente já nada pode alterar a tradicional impreparação: os heróis e abnegados bombeiros vão continuar as suas lutas titânicas até à exaustão: nas quais os desastres nem sempre são evitáveis; e as florestas, as culturas e as casas isoladas ou povoados vão desaparecendo da paisagem provocando miséria e mais miséria.
Eu permito-me sugerir que, sem perda de tempo, se nomeie um grupo de trabalho liderado pela Força Aérea, ao nível do Primeiro Ministro, que estude o problema no sentido de equipar Portugal com o mesmo grau de eficiência dos nossos vizinhos europeus.
Infelizmente não mais vai ser possível conseguir as excepcionais vantagens económicas que foram conseguidas e prometidas ao Governo nos anos 80.

Agora e de futuro vai custar muito caro adquirir uma frota aérea eficaz: mas por muito que custe, custará menos que, ao prazer de criminosos protegidos pela inércia dos responsáveis, deixar arder ano após ano até à morte prematura este maravilhoso Portugal onde, mau grado tantos desmandos e incúrias, ainda é possível desfrutar de certa tranquilidade se comparado com as tempestades naturais e humanas que assolam a Europa e o Mundo. Deus ainda está com os Portugueses. Porquanto tempo?

(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior.

Friday, July 22, 2005

OS PINÓQUIOS NO PAÍS DA “GORDA” - «ENSAIO SOBRE O ACTUAL MOMENTO POLÍTICO»


(*)Vasco Ferreira Pinto

Está na ordem do dia, falar, comentar e analisar até à exaustão a qualidade da gestão publica, mas é bom não generalizar para evitar especulações que não ajudam em nada a desfazer erros, pequenos e grandes, que se acumularam durante anos e cresceram de tal maneira que é preciso ter o folgo da Rosa Mota para desfazer e incinerar a montanha de desperdícios que se acumularam ao longo das ultimas décadas.
No meu ponto de vista, o primeiro passo da maratona política que parece estar agora na linha de partida consiste em escolher uma estratégia política capaz de enfrentar com coragem os dois maiores empecilhos à qualidade e competitividade da gestão pública, a saber: a “GORDA” e os PINÓQUIOS.
Muitos leitores estarão decerto na ignorância total, como eu estava até há umas semanas atrás, do significado do primeiro destes epitáfios do “sistema”.
GORDA em gíria popular, é um dito ternurento para uma funcionária mamalhuda, amiga do seu amigo e do chefe, mas “GORDA” entre aspas é outra realidade da política portuguesa.
Soube-o quando no Expresso da Meia Noite da Sic Notícias, um dos apresentadores mostrou:

• numa mão, meia dúzia de folhas com o regulamento da função pública na Suécia.• e na outra, o regulamento da função publica em Portugal, um volume tão volume como 3 listas de telefone das pesadas, a que os funcionários públicos puseram a alcunha da “GORDA”.

Por outro lado, todos se lembram do PINÓQUIO das histórias infantis, o boneco cujo nariz se tornou com o andar dos tempos no barómetro da inverdade pública e privada.
O que é que este par tem a ver com gestão da coisa pública?
A “GORDA” é o labirinto da função pública que distorce imparavelmente a qualidade de vida, tanto dos funcionários como do público em geral.
Esse labirinto obscuro e infindável da burocracite activa que os portugueses são forçados a percorrer, possui obstáculos intransponíveis, e portas e atalhos que só os chefes conhecem, ficando com a faca e o queijo na mão para complicar ou facilitar as relações entre o público e o Estado.
Os PINÓQUIOS exploram estas fraquezas do “sistema” para levarem a água ao seu moinho, sem que ninguém os possa chamar à razão e lhes possa pedir contas, porque os mecanismos de fiscalização ou não existem ou estão avassalados aos “chefes” ou ao “laissez-faire”.
Só assim os PINÓQUIOS, redutores do espaço político, apaixonados por si próprios, sentados à roda duma mesa, conseguem que os espaços vazios ou que consideram mal ocupados, no privado e na administração pública, passem para as mãos dos amigos, ou dos amigos dos amigos, muitos deles feitos a martelo.
Nesta aldeia em que vivemos a tendência para a redução do sistema político é cada dia que passa mais evidente. A organização política parou no tempo e regressámos a uma terra de senhores, vassalos e fregueses cuja ocupação é “tratar” do povo, umas vezes com a ”GORDA”, noutras com os PINÓQUIOS.
Os PINÓQUIOS evoluíram, oh se evoluíram !!!,
Na infância, juntavam-se para resolver problemas do foro comum.
Depois, à medida que o nariz foi crescendo, começaram a pedir ajuda uns aos outros para questões pessoais: ajuda-me aqui, que eu compenso-te ali.
Tão certo como é ver cair a pedra que se atira ao ar, mal houve um conflito de interesses a negociação passou a outro nível: faz-me isto, se me lixas aqui, eu lixo-te acolá.
Começaram sentados à mesma mesa como parceiros a parte inteira, passaram a parceiros de conveniência e acabaram a detestar-se amigavelmente. Agora, quando estão à mesa limitam-se a dividir o “bife”, e nos intervalos passam o tempo a lixarem-se e a lixar o próximo. O único voto por unanimidade passou a ser para o “bife”. Não pode faltar, mas também não pode ser maior que o apetite dos convivas, para evitar que estranhos se sentem à mesa.

Este comportamento deu campo livre à febre do ouro e à miragem do dinheiro fácil, o que como era de esperar só criou um precário melhor-estar no País, esquecidas que foram as reformas estruturais que se impunham para motivar sustentadamente a iniciativa dos portugueses.
O resultado é que apesar de todas as oportunidades que teve, Portugal mantém uma sociedade que não corrige e não inova porque os PINÓQUIOS com a ajuda da “GORDA” não fazem outra coisa que não seja medirem-se aos palmos entre eles e com os portugueses, com a mesma rabulice de há séculos atrás.
Em abono da verdade é difícil não ter que apelidar o “sistema” em vigor, de “neo-feudalismo democrático” ou “feudalismo neo-democrático”, ou ainda para quem prefira “democracia neo-feudalista”.
A resumidíssima conclusão a que chego para que Portugal entre definitivamente no sec. XXI por mérito próprio e não por arrastamento ou favor de terceiros, é que a ”GORDA” tem que emagrecer até ter o peso da saúde sem precisar de ser um bacalhau sueco, para que os PINÓQUIOS fiquem sem a cobertura da”GORDA” para as suas desventuras.

Noto no entanto, que só acredito que isso venha a acontecer se houver co-responsabilidade de todos os partidos políticos na definição dum projecto nacional o que implica haver um inventário do que está bem, menos bem, mal e não existe, para que os portugueses saibam com que contar e que ninguém mexa no dinheiro e nas instituições que servem para manter o que está bem, e que o que sobra sirva para corrigir, construir ou adquirir o que está menos bem, mal ou não existe. Trata-se de:

1º - inventariar,
2º - simplificar, simplificar, simplificar,
- para depois investigar, inovar, investir e fiscalizar (para premiar ou castigar),

em resumo, implantar o necessário programa para clarificar, motivar e rentabilizar a coisa pública e a actividade privada.
Falta como pão para a boca, um regulamento e um organigrama simplificado das funções da administração pública, e outro, tão ou mais importante, das hierarquias, para que os diferentes órgãos da administração tenham o seu terreno próprio e o governo evite a promiscuidade e/ou a “guerra” decorrente de invasão do terreno de terceiros. Não se trata de dificultar mas de balizar e coordenar a actividade política nos diferentes níveis de actuação, e responsabilizar sem margem para dúvidas os partidos políticos sobre as questões da governação.
A este respeito, longe de querer ensinar o Padre Nosso ao vigário, aproveito a triste morte de João Paulo II, para transmitir que aquilo que no meu ponto de vista mais marcou o seu pontificado, foi ele ter requalificado na simplicidade e na verdade muito do que por norma de séculos, era rebuscado, em maior ou menor grau secreto, e alimentava a falta de tolerância, mas fê-lo sem nunca deixar de fazer valer as regras da doutrina, sempre que houve pedidos de alterações “facilitadoras” aos princípios fundamentais que defendia.
Os resultados estão à vista: a aglutinação sem barreiras e pedras no sapato de todo o tipo de raças, credos, estatutos sociais e políticos, na homenagem que lhe prestaram depois da sua morte, porque todos, tanto os que o apoiavam como os que lhe manifestavam a sua oposição, sabiam com que contar.
O novo Papa, Bento XVI, já chamou a atenção para outra preocupação da vida moderna, a ditadura do relativismo, que como todas as outras ditaduras, sejam elas da maioria ou da minoria, não levam a nada, a não ser misturar princípios e conceitos para confundir, acabando por se transformarem na “varinha mágica” das consciências. Nuns casos só vale o que uns poucos ordenam, noutros só valem os desejos ou interesses pessoais de quem manipula a maioria, o que é o mesmo que dizer que nada tem valor universal.
É a porta aberta para o conflito de interesses, a sociedade de cata-ventos que gira segundo os ventos da moda, ou a torre de Babel na qual todos falam mas ninguém se entende, o que me leva a perguntar, como alguém já perguntou: onde é que está o interesse em acreditar no que parece não querer acreditar em nada?
E com esta, por motivos totalmente alheios à minha vontade, despeço-me dos leitores do Sesimbrense. Lamento, porque no que respeita às ”VILLAS” nada mudou, antes pelo contrário, os prejuízos para Sesimbra não param de aumentar.
Não posso portanto deixar de perguntar a quem de direito: e Sesimbra?, e as VILLAS?, e as eleições?


(*) Eng. Electrotécnico do IST

Sesimbra, 29.05.2005

Wednesday, July 20, 2005

E ENTRETANTO PORTUGAL CONTINUA A ARDER (I)


(*) Carlos Galvão de Melo

O Diário de notícias de 22 de Dezembro de 2004. acusa o “negócio de 150 milhões envolve nomes do PSD”. «Dias Loureiro e Daniel Sanches têm ligações à empresa escolhida para vender os aviões». Em causa 6 aviões contra incêndio Canadair.
Tal notícia foi e não foi, para mim, uma surpresa: mais uma entre muitas. Desde há mais de vinte anos, bom conhecedor dos problemas obscuros que envolvem os negócios obscuros em Portugal, desde logo enviei ao jornal Diário de Notícias artigo no qual desmascarava tão escandaloso “negócio”, que, decerto modo, encobria traição. Negócio a realizar nas vésperas das eleições que o Partido ia perder; como de facto perdeu. O jornal recusou publicar, pelo que enviei cópias a quem devia, e o “negócio” abortou.
Portugal arde há várias décadas e os responsáveis não são apenas os incendiários: muito responsáveis são também, antes de todos, aqueles que perante uma oportunidade – única – se opuseram a que Portugal recebesse aviões Canadair, então os melhores do Mundo, que equipavam todas as Nações da Europa, e sem gastar uma divisa.
Na década de 80, sendo Primeiro Ministro Cavaco Silva e Dias Loureiro Ministro da Administração Interna, eram representantes da Canadair em Portugal um amigo meu Engº Soares Ribeiro e eu próprio.
Durante anos, escrevendo artigos, dando entrevistas, contactando de viva voz ministros e outras entidades expusemos, com larga cópia de argumentos, o quanto era urgente Portugal adquirir uma frota aérea contra incêndios e bem assim a vantagem indiscutível de se eleger o Canadair.
Como argumentos decisivos: foi feita demonstração real de um avião que propositadamente se deslocou a Portugal e finalmente a firme recomendação de um grupo “ad hoc” nomeado pelo governo de então.
Em exclusivo para Portugal:
– A União Europeia contribuía, a fundo perdido, com 50% dos custos de aquisição;
– A União Europeia contribuía, a fundo perdido, com 50% dos gastos operacionais até 1996;
– O Canada aceitava receber os restantes 50%, da compra, pago com exportações.
Não se gastava uma divisa.
Cada avião custava menos de 400.000 contos, isto é 2.000.000,00 de Euros, os quais subtraídos os 50% resultava de valor real 1.000.000, de Euros. Seis aviões, novos, custavam 6.000.000,00; bastante menos de que 150.000.000,00, para comprar aviões, certamente usados, porquanto há cerca de 20 anos que não mais se construíram.
Pois é verdade é que tantas vantagens não lograram convencer os então governantes que se escusavam a coberto de raciocínios tão brilhantes e inteligentes como os que eu aqui deixo para exemplo: «e que fazemos com os aviões quando não há fogos?», ou então, “se não fosse o Gen. Galvão de Melo a vende-los era mais fácil compra-los»,
Perante tanta mediocridade, para não dizer pior, ao fim de anos de lutas inglórias e muito caras, demiti-me da representação.
Fiz extenso relatório que enviei ao Canada, e do qual entreguei cópias ao Primeiro Ministro e Ministro de Administração Interna. Cavaco, o Ministro infalível que nunca se engana e raramente tem dúvidas, agradeceu em carta de duas linhas assinada pela secretária.
Prerrogativa de quem se julga aquilo que não é: homem superior! Dias Loureiro ficou mudo.
Nada fizeram, deixando perder uma oportunidade única somente oferecida a Portugal. Atitude que revelou, na melhor das hipóteses, incompreensível incompetência ao serviço de Portugal, pelo que são gravemente responsáveis pela impreparação dos portugueses na defesa contra os incêndios que vêm sistematicamente, ano após ano, destruindo o território do Minho ao Algarve.
E mais grave é o facto, indesmentível, de que quem se tinha oposto a adquirir seis aviões por seis milhões, agora se propunha, vender ao nosso Governo, seis aviões por 150 milhões!
Isto é Servir ou servir-se?
Portugal está a arder e assim vai continuar enquanto se praticar a estupidez de alugar, tarde e por preços incomportáveis, aeronaves impróprias pilotadas por mercenários, quando a solução, única, que já todos os países há muito adoptaram, é adquirir uma frota de poderosas aeronaves, servidas por tripulações nacionais, de preferência militares, bem organizados e muito treinados: permanentemente treinados.
O avião não dispensa o bombeiro em terra. Mas ao contrário de certas opiniões que afirmam «o avião não apaga fogos» o que é errado, pois é ignorância ou propósito obscuro.
De facto perante a impenetrabilidade actual das florestas, só o avião em alerta, pode em minutos apagar o fogo enquanto é pequena fogueira.
A França, que dispõe da melhor organização conta incêndios, tem apagado milhares de fogos só com um ataque de avião executado no primeiro quarto de hora.
Este problema dos incêndios é tão escandaloso e já se arrasta há tantos anos que só um aceso e longo debate televisivo poderá esclarecer a Nação: como é obrigação de quem manda e direito de quem sofre os prejuízos.
(*) General Piloto Aviador com o Curso Complementar do Estado Maior do Exército.

Tuesday, July 05, 2005

APELO A PORTUGAL E A ANGOLA


(*) Mendonça Júnior

D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, 1143, motivado pelo «Comércio e pela Cruz de Cristo», achou pequeninas as terras “à beira mar plantadas” do seu legado. Em breve constatou que o seu território, não era suficiente para sustentar os seus escassos conterrâneos.
Nos reinados seguintes chegamos ao Sul da península. Ali, confrontados com o mar, só nos restavam os rumos dos oceanos na procura de gentes e de novas terras.
As primeiras tentativas no Norte de África não resultaram: Ceuta foi um calvário: não se conseguiu levar até final uma tarefa difícil e penosa.
Bordejando chegamos à Costa da Mina onde prevaleceu o comércio: facturamos ouro e marfim.
Depois foi a Guiné e Angola. Mas o grande objectivo era o Oriente que suspeitávamos poder lá chegar contornando a África pelo Sul.
Assim sucedeu. Dobrado o Cabo,1498, costeamos Moçambique e chegamos às Índias onde convivemos pelo comércio das especiarias e cristianismo.
Em 1500 descobrimos o Brasil onde o comércio e a nossa religião prevaleceram e lá ficaram até hoje.
Entretanto continuamos para Leste: Timor, China (Macau) – onde daí abordamos, por várias vezes, o Japão.
O milagre dos portugueses de antanho, foi o de ter convivido com gentes dos sucessivos ultramares que descobrimos, à custa de trabalho, expansão do cristianismo e pelos que por lá morreram.
Quando finalmente hoje, olhamos em redor… quase tudo acabou?!... será?
Estamos no início do milénio. O Mundo está totalmente conturbado. A crise é geral. E nós? Restam-nos os rumos dos mares … não na procura de terras mas sim de Povos Amigos. Outra vez no ultramar seja em que direcção for.
COMENTÁRIO: Porém, de toda a nossa experiência do passado, é em Angola – onde se verificou o verdadeiro percurso económico e de evangelização cristã cimentado pela mesma língua oficial – que mais acreditamos, ser possível activar, no apelo que aqui sugerimos, para um cada vez maior desenvolvimento comum.

(*) Coronel de Cavalaria.